"Se houve alguma coisa [feita por Manuel Chang] no sentido de lesar a pátria, foi aqui", afirmou Verónica Macamo, falando hoje aos jornalistas na qualidade de mandatária da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, após submeter a candidatura da organização às eleições autárquicas de outubro.
Assinalando que o Estado moçambicano tentou a extradição do antigo ministro das Finanças para a sua jurisdição, Macamo sublinhou que a decisão da justiça sul-africana de entregar Manuel Chang aos EUA deve ser respeitada, porque se trata de um exercício de soberania dos estados.
"Vingou o que vingou", enfatizou, referindo-se à decisão da justiça da África do Sul, onde Chang, de 63 anos, está detido desde dezembro de 2018.
O antigo ministro das Finanças de Moçambique será extraditado para os EUA esta semana, para responder pelo envolvimento no escândalo das dívidas ocultas, disse fonte oficial à Lusa.
"Sim, podemos confirmar que ele será extraditado para os EUA, esta semana", afirmou à Lusa a porta-voz do comando nacional da Polícia Sul-Africana (SAPS), Athlenda Mathe.
As autoridades norte-americanas alegam que o antigo governante conspirou com banqueiros do Credit Suisse e promotores internacionais para endividar o país em projetos marítimos, como a compra de uma frota contra a pirataria marítima, que acabaram por nunca se concretizar.
Moçambique contraiu empréstimos de quase 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) para projetos marítimos, mas não os reportou aos parceiros internacionais nem os refletiu nas contas públicas, e quando não pagou as prestações, isso desencadeou um 'default' que atirou o país para uma crise económica e financeira.
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