Rússia aborda com Turquia alternativas ao acordo dos cereais do Mar Negro
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, abordou hoje com o seu homólogo turco, Hakan Fidan, alternativas ao acordo do Mar Negro para a exportação de cereais russos para países mais necessitados, divulgou a diplomacia russa.
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Mundo Ucrânia
Num comunicado, a diplomacia de Moscovo deu conta da conversa telefónica mantida entre os dois representantes e afirmou que as novas rotas não deverão ficar dependentes "das ações destrutivas de Kiev e dos seus patrocinadores ocidentais".
Na segunda-feira, após o anúncio da Rússia de que iria suspender a sua participação no acordo dos cereais, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, mostrou-se confiante de que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, teria intenções de manter o acordo, tendo indicado na mesma ocasião que seriam dados "passos nesse sentido", nomeadamente através de uma conversa com o líder russo.
Na conversa hoje com Hakan Fidan, Lavrov sublinhou que a Iniciativa do Mar Negro foi suspensa por parte da Rússia, entre outros motivos, pela impossibilidade de exportar os seus cereais e fertilizantes, pelo bloqueio das suas contas bancárias e pelo congelamento dos seus ativos no estrangeiro.
O chefe da diplomacia russa acusou ainda Kiev de manipular a natureza humanitária original da iniciativa patrocinada pela ONU e pela Turquia, ao comercializar o acordo.
O ministério russo também indicou que a suspensão do acordo significa "na prática, a retirada das garantias de segurança da navegação e o restabelecimento do regime de zona temporariamente perigosa no noroeste do Mar Negro".
A decisão também implica "o encerramento do corredor marítimo humanitário e o desmantelamento do centro de coordenação conjunto em Istambul", acrescentou.
O porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, reiterou hoje a disposição do Kremlin em fornecer produtos cerealíferos gratuitos a países africanos.
"Lamentavelmente estamos a falar de quantidades muito pequenas, porque os países mais pobres de África receberam menos cereais que os restantes", no âmbito do acordo de Istambul, referiu.
Peskov adiantou que o Presidente russo, Vladimir Putin, vai abordar o assunto com os seus colegas africanos na próxima cimeira Rússia-África prevista para finais de julho em São Petersburgo.
Em março passado, Putin prometeu que a Rússia iria enviar gratuitamente alimentos aos países africanos mais necessitados caso tivesse de suspender o acordo dos cereais, decisão que acabou por concretizar na segunda-feira.
O Kremlin (Presidência russa) já referiu que o país "regressará de imediato à implementação deste acordo" caso seja "cumprida a parte russa dos acordos", que não foi concretizada.
As exigências da Rússia incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueio da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de ativos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 05 de junho.
O porta-voz do Kremlin também advertiu a Ucrânia contra as veleidades de prosseguir as suas exportações de cereais através do Mar Negro, ao prevenir que deixaram de existir "garantias de segurança" após a expiração do acordo que permitia esse transporte, apesar da guerra.
"Na ausência de garantias de segurança apropriadas, podem ocorrer certos riscos", indicou o porta-voz presidencial, para acrescentar que "se algo for elaborado sem a Rússia, esses riscos devem ser considerados".
Assinado no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia, o acordo abrange os cereais ucranianos e a exportação de fertilizantes e de produtos alimentares russos.
Segundo dados das Nações Unidas, desde que o acordo entrou em vigor, perto de 33 milhões de toneladas de cereais foram escoados a partir dos portos do sul da Ucrânia.
A ofensiva militar russa em curso no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
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