Kyiv e Islamabad pedem que Rússia volte ao acordo dos cereais
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e do Paquistão pediram hoje a restabelecimento da Iniciativa de Cereais do Mar Negro para garantir a segurança alimentar global, dias depois de a Rússia ter interrompido o acordo.
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Mundo Guerra na Ucrânia
Os governantes fizeram o pedido em conferência de imprensa após o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, se reunir com o homólogo paquistanês, Bilawal Bhutto Zardari, na sua primeira visita à nação islâmica.
Kuleba também se reuniu com o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, de acordo com um comunicado do Governo, em que citou o dirigente paquistanês afirmando que o conflito na Ucrânia teve um impacto global significativo que prejudicou as economias de muitos países.
O chefe da diplomacia de Kyiv informou Sharif sobre a situação na Ucrânia, invadida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, referindo que os dois países sempre desfrutaram de relações cordiais e de longa data baseadas na cooperação e amizade com o objetivo comum de contribuir para a paz global e a estabilidade regional.
O Paquistão tem sido um importador regular de trigo de Kyiv nos últimos anos - até um milhão de toneladas em 2021, segundo a estimativa de Kuleba.
O acordo dos cereais, negociado em julho de 2022 entre a Ucrânia, Rússia, Turquia e a ONU, permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas, parte das quais destinada a países da Ásia, Médio Oriente e África, onde a fome é uma ameaça crescente e os altos preços dos alimentos levaram mais pessoas à condição de pobreza.
A Rússia anunciou na segunda-feira que suspendia o acordo e, na quarta-feira, ataques russos nas áreas portuárias do sul da Ucrânia destruíram parte das suas infraestruturas críticas, bem como 60.000 toneladas de cereais destinados à China.
Kuleba disse hoje que os ataques russos significam que "60.000 toneladas de cereais nunca chegarão às pessoas que querem comprar pão a preços razoáveis", alertando que vão continuar a crescer
O governante afirmou que o seu país fez alguns progressos na melhoria dos corredores terrestres para exportar os seus cereais, mas que a melhor rota continua a ser a marítima, criticando Moscovo por querer substituir os seus produtos no mercado global.
"A Rússia está a aumentar as suas exportações, ganhando mais dinheiro para a sua máquina de guerra", disse Kuleba.
As autoridades russas fizeram saber que só voltam ao protocolo se as suas condições forem atendidas, nomeadamente o comércio dos seus próprios produtos agrícolas, prejudicado, segundo frisam, pelas sanções ocidentais.
As exigências da Rússia incluem também a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de ativos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 05 de junho.
Kuleba agradeceu ao Paquistão por fornecer ajuda humanitária ao seu país quando ela era mais necessária e num momento em que o próprio Paquistão enfrentava os seus problemas económicos. "Mas é isso que os amigos fazem, eles ajudam-se nos momentos de maior necessidade", afirmou.
Ambos os ministros salientaram o desejo de continuar o acordo do Mar Negro e Butto-Zardari disse que entrará em contacto com representantes da ONU, Turquia e Rússia para discutir o assunto.
"O conflito na Ucrânia também trouxe dificuldades para os países em desenvolvimento e para o 'Sul global', principalmente em termos de escassez de combustível, alimentos e fertilizantes. O Paquistão não é exceção. Portanto, temos interesse em promover a paz e a reconciliação", declarou Bhutto-Zardari.
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