Volodymyr Zelensky indicou que vai abordar hoje esta questão com o chefe das Forças Armadas, Valeri Zaluzhnyi, com o chefe das forças navais ucranianas, Oleksi Niezhpapa, e com o ministro das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, que incluem o seu conselho de segurança.
"Prosseguimos o trabalho sistemático para proteger os nossos portos e infraestruturas do acordo dos cereais", disse Zelensky, citado numa nota informativa sobre a reunião com a sua cúpula de segurança e assuntos estratégicos na qual serão abordadas diversas questões.
Após Moscovo ter anunciado na segunda-feira a sua retirada do acordo sobre a exportação de cereais, e na sequência de um ataque ucraniano à ponte de Kerch que une a Rússia continental à península da Crimeia anexada, o exército russo tem bombardeado sistematicamente infraestruturas portuárias ou do setor agrícola ucraniano relacionadas com a exportação de cereais.
Zelensky também disse que pedirá ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que desenvolva ações diplomáticas para garantir o funcionamento do corredor cerealífero.
Ainda nesta reunião, o chefe de Estado ucraniano será informado da evolução da situação na frente de combate pelos comandantes envolvidos na contraofensiva, iniciada há cerca de um mês.
As tensões voltaram a intensificar-se no Mar Negro após a suspensão pela Rússia do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, negociado sob a égide da Turquia e da ONU em julho de 2022 e que permitia que os navios saíssem dos portos ucranianos através de corredores marítimos protegidos.
Na quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Rússia estava preparada para regressar ao acordo sobre a exportação de cereais ucranianos caso os seus pedidos fossem concretizados "na totalidade", e sem os quais o seu prolongamento "deixa de ter sentido".
"Examinaremos a possibilidade de regressar [ao acordo] mas com uma condição: se todos os princípios de participação da Rússia neste acordo foram tomados em consideração e realizados sem exceção e na sua totalidade", declarou Putin durante uma reunião governamental transmitida pela televisão.
A Rússia suspendeu o acordo após meses de críticas ao texto acordado, argumentando que os seus envios de produtos agrícolas e de fertilizantes estão bloqueados pelas sanções ocidentais.
As exigências da Rússia incluem também a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de ativos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 05 de junho.
A ofensiva militar russa em curso no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
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