Após a detenção de Igor Girkin, um ultranacionalista russo que foi considerado responsável pelo abate do voo MH17 da Malysia Airlines em 2014, os serviços de inteligência do Reino Unido afirmaram este sábado que o ex-agente russo foi "quase certamente detido por "extremismo" e a sua detenção pode "enfurecer colegas, incluindo membros que servem nas forças armadas".
Girkin, que era autor de um blogue e se tinha tornado num crítico contra o regime russo, favorecendo a posição do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, fez "comentários nos últimos dias que se tornaram em críticas diretas ao presidente Vladimir Putin e ao seu tempo no poder", o que terá sido a gota de água para o Kremlin.
"Embora Girkin não seja um aliado do grupo Wagner, ele provavelmente estava apenas preparado para esticar os limites do escrutínio público, no contexto do motim abortado de Prigozhin em junho de 2023", explica o relatório desta manhã dos serviços do Ministério da Defesa do Reino Unido.
"O tabu sobre o criticismo aberto do regime de Putin foi significativamente enfraquecido", acrescentaram.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 22 July 2023.
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) July 22, 2023
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A detenção do ultranacionalista, que desempenhou um papel "importante" na guerra no Donbass que começou em 2014, e que chegou a estar na linha da frente da invasão à larga escala em 2022, terá ainda "enfurecido colegas da comunidade do blogue - e membros dentro das forças armadas -, que vêm largamente Girkin como um analista militar astuto e um patriota".
Igor Girkin, ex-agente dos Serviços Federais de Segurança da Rússia (FSB), que foi considerado responsável pela justiça pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014, foi agora detido na Rússia após ser acusado de de "atividades extremistas".
Em novembro do ano passado, um tribunal dos Países Baixos (que assumiu a jurisdição sobre o abate do voo MH17, dado que 193 das 298 vítimas mortais tinham nacionalidade holandesa) condenou pelo ataque Girkin, além do cidadão russo Serguei Dubinski e o cidadão ucraniano Leonid Jarchenko.
O voo da Malaysia Airlines, que viajava de Amsterdão para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil quando sobrevoava o leste da Ucrânia, uma área extremamente conturbada por confrontos entre tropas ucranianas e milícias separatistas pró-Rússia (com quem Girkin colaborava).
Num dos mais recentes desenvolvimentos do caso, em fevereiro passado, a Procuradoria holandesa anunciou ter indícios de que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o fornecimento às forças separatistas pró-Rússia do sistema de defesa antiaérea usado para disparar um míssil contra o avião.
O Kremlin já anunciou que "não aceita os resultados" da investigação levada a cabo pelas autoridades internacionais e desvinculou-se de qualquer responsabilidade, denunciando uma politização do processo.
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