Comunidade timorense quer intervenção sobre exigência britânica de vistos
O ativista da comunidade timorense no Reino Unido Januário Gusmão urgiu Díli a negociar com Londres uma solução após o Governo britânico ter retirado esta semana a isenção de vistos para visitantes.
© Lusa
Mundo Díli
"O Governo timorense deve fazer uma aproximação política ao Governo britânico para encontrar uma solução mais aceitável", defendeu, em declarações à agência Lusa, o antigo presidente da Associação de Timorenses em Bridgwater, sudoeste de Inglaterra.
Gusmão, que trabalha como intérprete e foi candidato às eleições autárquicas britânicas pelo Partido Conservador, indicou estar preocupado com a situação de muitos timorenses em situação ilegal no Reino Unido, que assim arriscam não poder voltar, se saírem do país.
"Aquilo que sei é que, estatisticamente, o número de timorenses que entrou no Reino Unido aumentou muito e a maioria deles entrou sem cumprir as leis de imigração", confirmou.
Estes timorenses chegaram ao Reino Unido como turistas, afirmou, "mas acabam por ficar e alguns tentaram pedir o estatuto de residente" no Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia [EU Settlement Scheme, EUSS].
"A maioria estava mal informada, não sabia das regras, mas arriscaram para procurar melhores condições de vida. A solução está agora no Governo timorense", argumentou Gusmão.
O Governo britânico anunciou na quarta-feira que Timor-Leste, juntamente com a República Dominicana, Honduras, Namíbia e Vanuatu, deixaram de beneficiar da isenção de visto para visitas e estadias no Reino Unido até seis meses.
A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, invocou diferentes irregularidades em termos de abusos para obter a nacionalidade britânica ou do pedido de asilo no país.
No caso de Timor-Leste, aludiu a um "aumento sustentado do número de cidadãos timorenses que chegam à fronteira do Reino Unido como visitantes não genuínos, muitas vezes com a intenção de reclamar fraudulentamente o estatuto de dependentes no âmbito do 'EU Settlement Scheme' ou de trabalhar ilegalmente no Reino Unido".
A medida teve efeito imediato, mas Londres concedeu um "período de transição de quatro semanas", até às 15:00 GMT (mais uma hora em Lisboa) de 16 de agosto a todos os visitantes que reservaram a sua viagem antes das 15:00 TMG de 19 de julho.
Os cidadãos timorenses já eram obrigados a pedir um visto para trabalhar ou estudar no Reino Unido.
Até 31 de março estavam registados 8.700 timorenses no EUSS, criado na sequência do 'Brexit' para garantir residência aos cidadãos europeus e familiares próximos estabelecidos no país até 31 de dezembro de 2020, mas mais poderão estar inscritos com passaportes portugueses ou de outras nacionalidades.
O embaixador timorense no Reino Unido, João Paulo da Costa Rangel, admitiu à Lusa no início deste mês não possuir dados consulares corretos, com estimativas variadas sobre o tamanho da comunidade timorense imigrante no Reino Unido, avaliada em dezenas de milhares de pessoas.
Em março, ao dar posse ao diplomata, o Presidente timorense, José Ramos-Horta, indicou que a "estimativa varia, mas poderá haver uma comunidade de 30 mil pessoas".
Dados do Ministério do Interior britânico sugerem que as autoridades fronteiriças têm estado mais atentas. Em 2022, foi recusada a entrada de 1.212 timorenses no país por suspeitas de imigração ilegal e outras 83 foram impedidas no primeiro trimestre de 2023.
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