"As práticas provocadoras e atrozes contra as santidades islâmicas são alimentadas por leis que o permitem", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque, que convocou a reunião na sequência da queima de livros do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos.
"É um insulto que, por duas vezes consecutivas, foi feito ao sagrado Corão, um gesto de desrespeito para com os sentimentos de 2 mil milhões de muçulmanos em todo o mundo", acrescenta-se no comunicado citado pela agência espanhola de notícias, a EFE, que dá conta da convocação da reunião de emergência.
A Presidência do Iraque e as forças de segurança iraquianas apelaram à calma da população e recomendaram contra a ida das pessoas para as imediações das embaixadas destes países nórdicos em Bagdade, apesar dos "atos pecaminosos" que dizem ter sido cometidos contra os muçulmanos.
"Os cidadãos e as forças políticas no Iraque têm o direito a expressar a sua raiva e denunciar qualquer ataque ou violação das suas crenças, desde que não causem danos ao nosso Estado, ao novo povo ou privem os cidadãos estrangeiros dos seus serviços diplomáticos", disse o porta-voz do Presidente do Iraque, Abdul Latif Rashid.
As embaixadas da Suécia e da Dinamarca em Bagdade foram alvo de fortes protestos depois da segunda profanação do Corão, na quinta-feira, envolvendo um cristão iraquiano, identificado como Salwan Momika.
O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros condenou "veementemente" o ataque à embaixada da Suécia em Bagdade e exortou as autoridades iraquianas a protegerem aquelas instalações diplomáticas ao abrigo da Convenção de Viena.
"A UE condena veementemente o ataque contra a embaixada sueca no Iraque e apela à proteção das instalações diplomáticas em Bagdade, em linha com a Convenção de Viena", sustentou Josep Borrell, num comunicado divulgado quinta-feira ao final da tarde.
No mês passado, o homem -- reconhecido pelos meios de comunicação como Momika - queimou uma cópia do Corão do lado de fora de uma mesquita de Estocolmo, durante o principal feriado muçulmano de Eid al-Adha (Festa do Sacrifício), provocando uma condenação generalizada no mundo islâmico.
O direito de realizar manifestações públicas é protegido pela Constituição na Suécia. As leis de blasfémia foram abandonadas na década de 1970.
Para os muçulmanos, a queima do Corão representa uma profanação do texto sagrado da sua religião.
Estes incidentes já provocaram protestos em todo o mundo muçulmano, alguns violentos. No Afeganistão, os talibãs suspenderam todas as atividades das organizações suecas no país.
Um protesto semelhante de um ativista de extrema-direita foi realizado em frente à embaixada da Turquia na Suécia no início deste ano, o que complicou os esforços do Governo sueco em persuadir a Turquia a deixar Estocolmo ingressar na NATO.
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