"Não é segredo que estamos fora da trajetória que garante o cumprimento das promessas da Agenda 2030, especialmente no continente africano, mas ainda assim, salvar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em África é possível", disse o secretário executivo interino, António Pedro, numa intervenção na cimeira das Nações Unidas sobre a 'Transformação para Acelerar a Implementação dos ODS".
"Precisamos de tomar ações decisivas para capitalizar as oportunidades que temos diante de nós e atingir os nossos objetivos comuns", defendeu o responsável, apresentando cinco áreas em que o continente tem de potenciar as suas vantagens.
"Primeiro, temos de acelerar a implementação da zona de comércio livre africana (AfCFTA), que será um catalisador para aumentar as capacidades produtivas e atingir a industrialização sustentável e a diversificação económica", afastando África da dependência das matérias-primas, apontou o responsável.
Depois, continuou, é preciso acelerar a transformação dos sistemas alimentares e agrícolas, para além de fortalecer a segurança mineral em África, protegendo as populações dos perigos da exploração mineira e aproveitando as zonas que têm sido implementadas para tirar proveito da transição energética, que diminuirá a utilização dos combustíveis poluentes em prol das energias verdes.
África tem também de aproveitar o capital natural, que pode ser "um motor para o crescimento e o desenvolvimento sustentável, através da criação de um mercado robusto de créditos de carbono, que pode potencialmente gerar 82 mil milhões de dólares [73,6 mil milhões de euros] por ano se uma tonelada de dióxido de carbono for vendido a 120 dólares", o equivalente a quase 108 euros.
A última área em que África deve apostar para tentar recuperar o tempo perdido no caminho para atingir os ODS é o clima: "Em quinto lugar, há que impulsionar a ação climática e as transições energéticas sustentáveis através da aposta nas abundantes energia solar, hidrogénio, geotérmica, hidroelétrica e eólica de África para promover a economia verde e azul".
Para além destas cinco apostas, o continente, concluiu, precisa também de uma reformulação da arquitetura financeira mundial, um estímulo de 500 mil milhões de dólares (450 mil milhões de euros) para aumentar a liquidez, e deverá ter um enquadramento favorável para reestruturar a dívida nos casos necessários e desbloquear o financiamento climático por parte do setor privado.
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