BBC pede desculpas por pergunta "perigosa" a jogadora marroquina

Um jornalista da emissora britânica foi muito criticado nas redes sociais e até por colegas por uma pergunta que colocou em risco pessoas LGBTI+ no país, onde relações homossexuais são proibidas.

Notícia

© WILLIAM WEST/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
25/07/2023 16:43 ‧ 25/07/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Mundial'2023

A BBC pediu publicamente desculpas por uma pergunta feita por um jornalista, numa conferência de imprensa na segunda-feira com a capitã da seleção de Marrocos, reconhecendo esta terça-feira que a questão foi "inapropriada".

Em causa está uma questão colocada a Ghizlane Chebbak, após o jogo da seleção feminina de Marrocos contra a Alemanha, no Mundial de Futebol que se realiza na Austrália e na Nova Zelândia.

Numa competição onde os direitos de pessoas LGBTI´+ são um dos temas em destaque, promovidos especialmente pelas atletas (muitas das quais assumiram-se publicamente como pessoas queer), um jornalista questionou Chebbak se existiam jogadores gay na equipa.

"Em Marrocos, é ilegal ter uma relação homossexual. Têm jogadoras gay na vossa equipa? E como é a vida delas, em Marrocos?", perguntou o repórter.

A questão deixou a jogadora visivelmente desconfortável, e vários jornalistas falaram de um ambiente tenso na conferência de imprensa. Um oficial da FIFA pediu que os jornalistas se concentrassem em questões futebolísticas, mas o jornalista da BBC insistiu que a pergunta era pertinente.

Muitas pessoas nas redes sociais, incluindo atletas e mesmo jornalistas, salientaram que a pergunta é "perigosa", pois a homossexualidade é um crime em Marrocos e atos entre pessoas do mesmo sexo são considerados "comportamentos desviantes", podendo ser punidos com até três anos de prisão, segundo a organização Human Rights Watch. Caso respondesse à questão, a jogadora podia, como tal, colocar atletas em risco de perseguição judicial no país.

Citado pelo The Guardian, um porta-voz da BBC reconheceu que "a questão foi inapropriada". "Esperamos não ter causado mal ou preocupação", acrescentou a emissora.

Ao jornal britânica, uma jornalista da CBC Sports, Shireen Ahmed, comentou que o caso "não é uma questão de liberdade jornalística", e o profissional devia pensar nas consequências da pergunta.

"Pode-se perguntar sobre leis sociais em diferentes locais sem colocar em risco as pessoas. Os jornalistas têm a obrigação de ser justos, corretos e praticar com cuidado. Se a cobertura magoa alguém, não só é pouco ético como perigoso", argumentou a jornalista.

Os direitos LGBTI+ tornaram-se num grande ponto de debate e contestação nas últimos Mundiais organizados pela FIFA. Depois de, no Mundial de Futebol masculino no Qatar, a organização ter impedido quaisquer demonstrações pelos direitos de pessoas queer (fossem de protesto ou de promoção), o mesmo foi restringindo para a competição feminina - isto apesar de, como já foi referido, muitas seleções terem nos seus plantéis jogadores queer -, como a proibição de as capitãs usarem braçadeiras arco-íris durante os jogos.

Leia Também: "Há jogadoras gays em Marrocos?". Pergunta leva FIFA a intervir

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas