Diplomacia chinesa recusa comentar afastamento de Qin Gang

A diplomacia chinesa recusou hoje comentar o afastamento de Qin Gang do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, após ter estado mais de um mês desaparecido de cerimónias públicas.

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© GREG BAKER/AFP via Getty Images

Lusa
26/07/2023 09:34 ‧ 26/07/2023 por Lusa

Mundo

Qin Gang

"Sobre este assunto, a agência [noticiosa oficial] Xinhua já publicou informações. Podem consultá-las", respondeu a porta-voz do ministério, Mao Ning, referindo-se ao despacho publicado pela imprensa estatal, na terça-feira.

A Xinhua citou um comunicado do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, de apenas uma frase, a informar sobre a substituição de Qin pelo antecessor Wang Yi. O comunicado não apresenta nenhuma razão para a substituição ou desaparecimento de Qin Gang.

Não é ainda claro se Wang Yi, que desempenhou as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2013 e 2022, vai ocupar o cargo interinamente, até que um funcionário mais novo seja designado.

Qin Gang não aparece em público desde 25 de junho, dia em que se reuniu em Pequim com responsáveis do Sri Lanka, da Rússia e do Vietname, e, desde então, tem estado ausente de vários eventos diplomáticos, suscitando variadas especulações sobre o seu paradeiro e sobre a sua situação.

O ministério dos Negócios Estrangeiros apagou hoje também do seu portal várias referências ao ex-ministro. Na secção "Atividades dos líderes do Ministério", agora coberta por notícias sobre o trabalho dos vice-ministros Ma Zhaoxu e Deng Li, as menções a Qin Gang desapareceram.

Com 57 anos, Qin foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em dezembro passado. Anteriormente, tinha sido embaixador em Washington e é fluente em inglês.

A nomeação ocorreu na altura em que Pequim terminou a política 'zero covid', que manteve as fronteiras do país encerradas durante quase três anos.

Além de receber dignitários estrangeiros em Pequim, incluindo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, Qin Gang efetuou deslocações à Europa, a África e à Ásia Central.

Na China, o desaparecimento de altos funcionários, celebridades e empresários é comum. Frequentemente, as autoridades anunciam mais tarde que a pessoa desaparecida está a ser investigada ou foi punida.

Entre os casos mais proeminentes dos últimos anos consta o do ex-chefe chinês da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu durante uma viagem à China, em 2018. Em 2020, foi condenado a 13 anos e meio de prisão por um tribunal chinês por receber mais de dois milhões de dólares em subornos.

No início deste mês, Mao Ning justificou a ausência de Qin Gang de um encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático, em Jacarta, por "motivos de saúde".

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