Em comunicado enviado à agência de notícias AFP, Daouda Takoubakoye e Oumar Moussa denunciaram "um golpe de Estado por conveniência pessoal justificado por argumentos retirados exclusivamente das redes sociais".
Os dois pretendem "responder a certas inverdades desenvolvidas pelos golpistas", referindo-se à primeira declaração feita hoje pelo líder da junta militar, general Abdourahamane Tchiani, na televisão nacional.
O general Tchiani, chefe da guarda presidencial que mantém Mohamed Bazoum detido, apareceu hoje nos ecrãs de televisão para ler uma declaração como "Presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria [CNSP]", como se intitula a junta que derrubou o Presidente democraticamente eleito.
Proclamado em seguida chefe de Estado pelos seus pares, Tchiani, cujo "substituto" devia "ser decidido esta quinta-feira [27 de julho] no Conselho de Ministros", segundo outra pessoa próxima de Mohamed Bazoum, justificou o golpe de Estado de quarta-feira com "a deterioração da situação de segurança" num Níger minado pela violência dos grupos fundamentalistas islâmicos.
Respondendo ponto por ponto, Takoubakoye e Moussa afirmaram que "todas (as) decisões no âmbito da estratégia de luta contra o terrorismo foram tomadas no Conselho de Segurança Nacional, onde têm assento todos os responsáveis militares".
Relativamente à acusação do general Tchiani de "libertação extrajudicial" de "chefes terroristas", os dois dirigentes próximos de Bazoum explicam que "o objetivo da sua libertação era utilizá-los como intermediários entre as autoridades e os terroristas para os desmobilizar" e afirmam que cumpriram "os procedimentos regulamentares" para a sua libertação.
Enquanto o chefe da junta lamenta a falta de cooperação com os vizinhos Burkina Faso e Mali, ambos liderados por militares golpistas, os diretores de gabinete respondem que "nunca foi coordenada uma única operação com o Mali".
Depois do Mali e do Burkina Faso, o Níger, até agora aliado dos países ocidentais, torna-se o terceiro país do Sahel, assolado por ataques de movimentos extremistas ligados ao grupo fundamentalista Estado Islâmico e à Al-Qaida, a sofrer um golpe de Estado desde 2020.
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