Oceano Atlântico Norte bate recorde de temperatura antes do pico habitual

O oceano Atlântico Norte registou um novo máximo diário de temperatura esta semana, um mês antes do pico de calor habitual, depois do verificado com o Mediterrâneo, revelam dados preliminares das ondas de calor marinhas que atingem o planeta.

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Lusa
29/07/2023 06:31 ‧ 29/07/2023 por Lusa

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Clima

As águas do Atlântico Norte atingiram esta quarta-feira uma temperatura média nunca antes medida, de acordo com a Agência de Observação Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), cujos registos começaram no início dos anos de 1980.

"De acordo com a nossa análise, a temperatura média recorde da água da superfície no Atlântico Norte é de 24,9°C [graus centígrados] e foi observada em 26 de julho", destacou à agência France-Presse (AFP) Xungang Yin, cientista dos centros nacionais de informações ambientais (NCEI) da NOAA.

Estes dados, ainda considerados provisórios, vão demorar cerca de duas semanas a ser verificados, adiantou.

Este novo máximo é particularmente impressionante porque ocorre mais cedo, com o Atlântico Norte a atingir habitualmente o seu pico de calor no início de setembro.

A temperatura máxima anterior foi registada no ano passado, no início de setembro de 2022, com uma temperatura de 24,89ºC, ligeiramente inferior à desta semana, vincou Xungang Yin.

As águas do mar Mediterrâneo também bateram recorde de calor na segunda-feira, com temperatura mediana de 28,71°C, anunciou o principal centro de pesquisas marítimas da Espanha, cujas leituras também começaram no início dos anos 1980.

Estes cientistas preferem a temperatura mediana em vez da média (28,40°C na segunda-feira) porque é menos perturbada por leituras extremas de temperatura em pontos isolados do Mediterrâneo, explicaram.

A temperatura à superfície do Atlântico Norte "deve continuar a aumentar durante o mês de agosto", alertou Xungang Yin, pelo que se prevê que o recorde volte a ser batido.

A temperatura de 24,9°C é "mais de um grau mais quente" do que o normal, média calculada ao longo de 30 anos (entre 1982 e 2011), apontou.

Desde março, mês em que o Atlântico Norte começa a aquecer após o inverno, a curva de temperatura tem-se movimentado bem acima da dos anos anteriores, tendo o desnível aumentado ainda mais nas últimas semanas.

O Atlântico Norte tornou-se assim um emblemático ponto de observação do sobreaquecimento dos oceanos do planeta, sob efeito do aquecimento global provocado pelos gases com efeito de estufa.

O observatório europeu Copernicus, que usa um banco de dados diferente do da NOAA, realçou à AFP esta sexta-feira que registou uma temperatura de 24,70°C em 26 de julho.

"Permanece abaixo do recorde de setembro de 2022" estabelecido em 24,81°C no seu banco de dados ERA5, que remonta a 1979, explicou um porta-voz da Copernicus.

Mas "há poucas dúvidas de que o recorde do início de setembro de 2022 será quebrado neste verão", frisou, acrescentando que é "uma questão de dias".

A nível global, a temperatura média dos oceanos tem vindo a quebrar recordes sazonais constantemente desde o início de abril.

De forma caricata, mas impressionante, a temperatura da água na costa da Florida (EUA) atingiu 38,3°C na noite de segunda-feira, de acordo com a leitura de uma boia meteorológica.

Esta temperatura, normalmente mais associada à de um banho, constitui potencialmente um recorde mundial absoluto em termos de medição pontual, caso se confirme a sua precisão.

Leia Também: Papa pede "esforços corajosos" para enfrentar alterações climáticas

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