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Níger? Golpe tem implicações regionais e é oportunidade para a Rússia

O diretor do Programa África no Instituto Real de Estudo Internacionais (Chatham House) considerou hoje à Lusa que o golpe de Estado no Níger tem implicações regionais e que para a Rússia é "uma oportunidade".

Níger? Golpe tem implicações regionais e é oportunidade para a Rússia
Notícias ao Minuto

10:56 - 29/07/23 por Lusa

Mundo Chatham House

"O golpe no Níger tem implicações regionais; a União Europeia e os Estados Unidos têm focado a sua estratégia regional no investimento no Níger e o golpe complica-lhes a estratégia", disse Alex Vines, em resposta a um conjunto de questões colocado pela Lusa.

"A Nigéria está também a desenhar a sua estratégia regional, muito alérgica a golpistas, e a Rússia vai, sem dúvida, olhar para isto como uma oportunidade", acrescentou o académico, que há dezenas de anos que segue a política africana.

Desde 2020, apontou, já houve sete golpes de Estado em África, e a região do Sahel "continua a ser a mais vulnerável a mais golpes, mas a África Central e a região do Corno de África não são imunes", apontou, considerando que a África Austral, onde estão Angola e Moçambique, é a zona onde é menos provável que haja golpes de Estado.

Para Alex Vines, o golpe vai ter repercussões na estabilidade de todo o Sahel e também um impacto económico nesses países.

"Um estudo robusto publicado há duas semanas pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas [PNUD] concluiu que os golpes do Mali e da Guiné resultaram numa recessão destas economias", apontou, salientando o potencial impacto do golpe de Estado no Níger.

Na quarta-feira de madrugada, um grupo de membros da Guarda Presidencial bloqueou as entradas do Palácio Presidencial.

Nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, anunciaram a demissão do Presidente, Mohamed Bazoum - que detiveram -, e a suspensão da Constituição, uma declaração "endossada" horas mais tarde pelo Estado-Maior do Exército.

O novo "homem forte" do Níger é agora o general Abdourahmane Tchiani, apresentado esta sexta-feira, através da televisão, como "o chefe de Estado que representa o Níger nas relações internacionais". A junta militar, que se intitula Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), anunciou a dissolução de todas as instituições previstas na Constituição, ao mesmo tempo que anunciou estar a exercer "todos os poderes legislativos e executivos" até ao "regresso à ordem constitucional normal".

Estas ações provocaram uma avalanche de condenações por parte da comunidade internacional - Nações Unidas, União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Europeia (UE), Francofonia, e países como os Estados Unidos, Espanha e França - que apelaram à libertação de Bazoum e à preservação da ordem constitucional.

Portugal também condenou os "acontecimentos antidemocráticos" ocorridos naquele país africano.

O Níger é um aliado fundamental de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a França, na luta contra o terrorismo e, até à data, tem conseguido evitar a instabilidade política que tem assolado outros países da região devido à insegurança causada pelo recrudescimento dos ataques dos grupos extremistas Al-Qaida, Estado Islâmico e Boko Haram na região do Sahel.

Leia Também: "Apoio inabalável". Blinken garante apoio ao presidente deposto no Níger

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