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UNESCO ameaça colocar Veneza na lista de património 'em risco'

Instituição cultural das Nações Unidas apelou às autoridades italianas para que tomem medidas contra os efeitos negativos do turismo na cidade.

UNESCO ameaça colocar Veneza na lista de património 'em risco'
Notícias ao Minuto

19:51 - 31/07/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo Itália

A UNESCO ameaçou colocar a cidade de Veneza na lista de Património da Humanidade 'em risco', devido ao efeito negativo que o turismo tem na frágil cidade no Norte de Itália, bem como as alterações climáticas e a alegada falta de resposta das autoridades locais.

Nesta segunda-feira, a instituição cultural das Nações Unidas disse, em comunicado, que a cidade sofreu danos “irreversíveis” devido a uma série de problemas, entre eles as alterações climáticas e o turismo em massa.

“Os efeitos da deterioração contínua devido à intervenção humana, incluindo o desenvolvimento contínuo, os impactos das alterações climáticas e do turismo em massa, que ameaçam causar mudanças irreversíveis no valor universal excecional da propriedade", disse a UNESCO. É a segunda vez que a cidade enfrenta esta ameaça, em poucos anos, depois de ter entrado para a lista de Património da Humanidade em 1987.

"Os efeitos combinados das mudanças naturais e aquelas induzidas pelo homem estão a causar deterioração e danos a estruturas construídas e áreas urbanas", alertou a UNESCO, acusando a "falta de progresso significativo" das autoridades italianas ao abordar as questões, que sofrem de uma "falta de pensamento estratégico conjunto geral".

A proposta de listar Veneza como um local 'em risco' será discutida em setembro, numa reunião na Arábia Saudita. Em 2021, a cidade 'safou-se' da lista após uma reunião da UNESCO, valendo-lhe a proibição de atracamento de navios com mais de 25 mil toneladas nos portos próximos ao centro da cidade.

O ministro da Cultura italiano esteve esta segunda-feira em Veneza para visitar o gueto judeu, o primeiro da história, mas não comentou o anúncio da Unesco.

O autarca de Veneza, Luigi Brugnaro, referiu, por sua vez, que o diálogo com a Unesco é da responsabilidade do governo e não do município.

Para que Veneza seja incluída na lista de patrimónios em perigo, será necessária a aprovação dos Estados-membros numa reunião do Comité do Património Mundial, que decorrerá entre 10 a 25 de setembro em Riade.

Em Veneza, alguns moradores e visitantes admitiram perceber a opinião do comité da Unesco, em especial perante a afluência de milhões de turistas ao 'saturado' centro histórico.

"É incontrolável", sublinhou à agência France-Presse (AFP) o gondoleiro Antonio Vertotto, que criticou os sucessivos governos por não terem feito nada nos últimos anos para reduzir o fluxo.

Para Valmir Reznik, um suíço de 34 anos de visita à cidade com a mulher, sem dúvida que há "muitos turistas", mesmo numa segunda-feira.

A resolução destes "antigos mas urgentes" problemas é "impedida pela ausência de uma visão estratégica global comum" e pela "baixa eficiência e coordenação" das autoridades locais e nacionais italianas, refere também o comité, que considera que a cidade é confrontada com "um perigo comprovado".

A Unesco espera que "esta inscrição conduza a um maior empenho e mobilização dos atores locais, nacionais e internacionais".

Veneza, uma cidade insular fundada no século V, que se tornou uma grande potência marítima no século X, estende-se por 118 ilhotas, segundo a Unesco, tendo-se tornado Património da Humanidade em 1987.

"Veneza como um todo é uma obra-prima arquitetónica extraordinária porque até o menor monumento contém obras de alguns dos maiores artistas do mundo, como Giorgione, Ticiano, Tintoretto, Veronese e outros", explica a organização das Nações Unidas.

É também uma das cidades mais visitadas do mundo, com 100.000 turistas a pernoitarem em Veneza no pico do turismo, além de dezenas de milhares de visitantes diários.

As autoridades locais falam há anos sobre a introdução de reservas obrigatórias para turistas, mas não a implementaram.

[Notícia atualizada às 22h57]

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