O porta-voz adjunto dos talibãs, Bilal Karimi, afirmou na rede social X (ex-Twitter) após uma reunião de dois dias com representantes norte-americanos em Doha, que o Emirado Islâmico do Afeganistão (designação do regime talibã) pediu que as sanções sejam removidas e que as reservas bancárias sejam abertas "para que os afegãos possam estabelecer a sua própria economia sem ajuda externa".
Embora não tenha especificado a data exata do encontro, Karimi explicou que as conversas com o representante especial dos Estados Unidos para o Afeganistão, Thomas West, e com a restante equipa da delegação de Washington, duraram dois dias.
No encontro, foram ainda discutidos outros temas de interesse para as partes, incluindo a luta contra as drogas e os direitos humanos.
A reunião, no entanto, "não indica qualquer reconhecimento, normalização ou legitimação dos talibãs", disse o vice-porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel, na semana passada, durante uma conferência de imprensa em Washington que antecedeu a reunião.
Os Estados Unidos e a restante comunidade internacional têm-se mostrado profundamente preocupados com o cerceamento de direitos no Afeganistão desde a chegada ao poder dos talibãs, em 2021, que levou ao isolamento do país e ao agravamento da crise económica e humanitária que já atravessava.
As mulheres afegãs têm sido as mais afetadas por essas restrições, impedidas de aceder ao ensino médio ou universitário ou de trabalhar, entre outras proibições que as confinaram numa sociedade ultraconservadora.
No entanto, algumas mulheres criticaram esta reunião, apelando à comunidade internacional para evitar conversações com os talibãs.
"As mulheres afegãs rejeitam todos os tipos de reuniões com o talibãs. Pedimos à comunidade internacional que apoie as mulheres afegãs e não converse com os talibãs", disse Mina Rafiq, ativista pelos direitos das mulheres afegãs.
Apesar das promessas de mudança em relação ao regime que lideraram entre 1996 e 2001, os talibãs têm assumido posições extremas e promovido um declínio contínuo dos direitos humanos, especialmente em relação às mulheres.
Ao mesmo tempo, os fundamentalistas têm exigido o reconhecimento da comunidade internacional.
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