"Sob o pretexto de uma conversa com aqueles que não são indiferentes, de facto, eles querem formar uma coligação antirrussa, revelando a pseudo-unidade do mundo ao rejeitar as ações da Rússia", disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, acrescentando que a reunião não passa de "uma farsa".
Zakharova sublinhou que a chamada "Fórmula Zelensky" - uma referência ao plano apresentado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky - "não tem nada a ver com a paz".
A porta-voz defendeu que a reunião marcada para Jidá, na Arábia Saudita, é uma nova tentativa de Kiev de "monopolizar o direito de apresentar iniciativas de paz" e lembrou que o plano de Zelensky é inadmissível para Moscovo.
"Para nós, esta história não funciona e não vai funcionar", assegurou Zakharova.
Esta semana, o jornal norte-americano The Wall Street Journal noticiou que a Arábia Saudita acolherá representantes de 30 países num encontro no próximo fim de semana, incluindo não apenas potências ocidentais, mas também de países com posições próximas das de Moscovo, como Índia ou Brasil.
A reunião, que contará com a presença do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, pretende ser uma continuação do encontro realizado em junho em Copenhaga e que também contou com a presença da Turquia e da África do Sul.
O objetivo final é aproximar posições sobre princípios comuns para a solução pacífica do conflito na Ucrânia, criando uma base para futuras negociações de paz.
A escolha da cidade saudita de Jidá, segundo diplomatas ocidentais, teria como objetivo incentivar a China a participar no encontro, já que Pequim mantém boas relações com Riade.
Contudo, na passada semana, o Presidente russo, Vladimir Putin, deixou clara a posição do seu país face a um eventual cessar-fogo, durante a final da Cimeira África-Rússia, realizada em São Petersburgo.
"O Exército ucraniano está na ofensiva. Eles estão a atacar. Eles estão a lançar uma operação estratégica ofensiva em grande escala. Não podemos fazer um cessar-fogo quando estamos sob ataque", explicou Putin.
O líder russo negou ter rejeitado as iniciativas de paz chinesa e africana, embora reconheça que a sua aplicação é, neste momento, impossível.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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