Zelensky pede ajuda à América Latina para lutar contra "colonialismo"
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu hoje aos dirigentes e povos da América Latina que ajudem Kyiv na luta contra o "colonialismo" da Rússia e acusou o Presidente do Brasil de ter um discurso pró-Putin.
© Lusa
Mundo Guerra na Ucrânia
Numa entrevista à agência espanhola EFE e a vários meios de comunicação latino-americanos, Zelensky afirmou que a Rússia recolhe e exporta cereais e outros produtos agrícolas dos territórios da Ucrânia e apelou à experiência da América Latina com o colonialismo para pedir solidariedade para a causa ucraniana.
"Vocês sabem perfeitamente o que significam as consequências do colonialismo", disse o chefe de Estado ucraniano.
Além dos cereais, Zelensky mencionou a destruição da fábrica Azovstal, na cidade ocupada de Mariupol (leste da Ucrânia), e de boa parte da indústria siderúrgica que obrigou o país a deixar de exportar algumas das matérias-primas que mais vendia.
"Isto é colonialismo", afirmou Zelensky, referindo que o Presidente russo, Vladimir Putin, "não é diferente de qualquer colonizador", que "mente e manipula constantemente" e que a Rússia mata crianças e viola mulheres na Ucrânia.
Zelensky acusou ainda o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de "coincidir com as narrativas" de Putin.
"Espero que [Lula] tenha uma opinião própria. Não me parece necessário que os seus pensamentos coincidam com os pensamentos do Presidente Putin", acrescentou Zelensky, para quem as declarações do líder brasileiro "não ajudam a trazer nenhuma paz".
O Presidente brasileiro disponibilizou-se em diversas ocasiões como potencial mediador da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Enquanto Lula pediu que as conversas comecem já, nas atuais circunstâncias, Zelensky recusa-se a sentar para discutir até que a Rússia retire as suas tropas dos territórios que ocupa na Ucrânia.
Zelensky disse ainda, na mesma entrevista, que é fundamental "compreender" que a guerra na Ucrânia vem de "uma agressão não provocada" e defendeu que os países da América Latina - onde muitos líderes têm mostrado relutância em apoiar a Ucrânia e romper relações com Moscovo - apoiem a Ucrânia através de ajuda humanitária.
Para Zelensky, esses países podem ajudar a Ucrânia com a sua experiência na limpeza dos campos de minas, na reconstrução de cidades ou na luta contra a insegurança alimentar.
Boa parte da esquerda latino-americana que governa os maiores países da região caracteriza-se pela desconfiança para com os Estados Unidos, um dos principais aliados da Ucrânia, e uma afinidade com o discurso contra o colonialismo ocidental que promove a Rússia.
Quanto à contraofensiva de Kyiv para recuperar territórios, Zelensky pediu "paciência", afirmando que "é complicada e é possível que seja mais lenta" do que se esperava.
A invasão militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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