A Guarda de Fronteiras da Polónia pediu ao ministro da Defesa do país o envio de mais soldados para a fronteira com a Bielorrússia. O país vai enviar mais de mil soldados devido ao aumento da tensão após vários incidentes, incluindo uma nova vaga de migração que diz ser orquestrada por Minsk e Moscovo.
"É uma operação organizada pelos serviços especiais russos e bielorrussos e está a tornar-se cada vez mais intensa", afirmou o vice-ministro do Interior polaco, Maciej Wasik, numa conferência de imprensa, citado pela agência francesa AFP.
O pedido surge numa altura em que se tem registado um aumento de travessias ilegais na fronteira entre os dois países.
"O general (Praga) pediu para alocar mais mil soldados para a fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia", revelou o vice-ministro do Interior, Maciej Wasik.
Varsóvia acusa a Rússia e a Bielorrússia de usarem migrantes e refugiados do Médio Oriente e do norte de África para desestabilizar a Polónia e outros países da União Europeia (UE), considerando tratar-se de uma forma de "guerra híbrida".
Os serviços de fronteira bielorrussos tornaram-se "um grupo criminoso comum que organiza a migração ilegal", afirmou o comandante-chefe da Guarda de Fronteiras polaca, general Tomasz Praga, no mesmo encontro com a imprensa.
Tomasz Praga, revelou que, só este ano, 19 mil pessoas tentaram fazer a travessia ilegalmente. No ano passado, tinham sido apenas 16 mil.
"O recorde foi batido em julho, quando mais de quatro mil pessoas tentaram atravessar a fronteira", disse.
A Polónia tem atualmente mais de cinco mil militares da guarda fronteiriça, dois mil soldados e 500 efetivos da polícia de choque destacados na fronteira com a Bielorrússia.
Na segurança fronteiriça, participa ainda um número variável de membros de um grupo paramilitar voluntário, segundo dados citados pela agência espanhola EFE.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, afirmou recentemente que são de esperar novas ações bielorrussas na fronteira para "provocar tensão e instabilidade no flanco oriental da NATO".
Segundo Morawiecki, "os russos estão a testar a capacidade de reação da Polónia e aliados" com o envio de mercenários do Grupo Wagner para a região.
Nas últimas semanas, soldados do grupo mercenário Wagner apareceram perto da fronteira, o que, segundo o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, pretende desestabilizar a situação no flanco oriental da NATO.
Desde o início da guerra, que se iniciou a 24 de fevereiro do ano passado, os países da NATO e da União Europeia apressaram-se a disponibilizar apoio financeiro, militar e humanitário para ajudar a Ucrânia a fazer face à invasão da Rússia. O país invasor, por outro lado, foi alvo de pacotes de sanções consecutivos (e concertados) aplicados pelos parceiros de Kyiv.
Até agora, mais de 9.300 civis morreram na sequência dos combates no terreno, segundo os cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU).
[Notícia atualizada às 17h50]
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