Festival na Malásia exige indemnização aos The 1975 após beijo polémico

Evento foi cancelado depois de um beijo entre membros da banda em palco, levando a uma reação negativa pelas autoridades e até por ativistas LGBTI+ no país, que criticaram Matt Healy por criar condições ainda piores para a comunidade.

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Notícias ao Minuto
07/08/2023 16:55 ‧ 07/08/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

The 1975

O festival que foi cancelado pelo governo da Malásia depois do concerto em julho dos britânicos The 1975, por causa de um beijo em palco, anunciou esta segunda-feira que pediu ao grupo uma indemnização pelo fim do evento, avisando que avançará com ações legais caso não seja pago.

Num comunicado, citado pela BBC, a promotora do festival Good Vibes Festival afirmou que enviou um último aviso legal aos The 1975, pedindo que o grupo reconheça a sua responsabilidade pelo cancelamento forçado dos dois dias de festival que não aconteceram devido à reação às ações do vocalista, Matty Healy, em defesa dos direitos de pessoas LGBTI+ na região.

Caso a promotora não seja indemnizada diretamente pela banda, já avisou que irá processá-la nos tribunais ingleses, e acrescentou, mais uma vez, que condena o comportamento "abusivo" e "indecente" de Healy.

Desconhece-se o valor pedido pelo festival como compensação pelo cancelamento.

A polémica vem de um concerto dos The 1975 em Kuala Lumpur, no passado mês de julho, quando o vocalista e o baixista, Ross MacDonald, deram um longo beijo em palco, depois de um discurso com vários palavrões e insultos explícitos de Healy contra as leis anti-LGBTI+ aplicadas no país.

"Cometi um erro. Quando estávamos a marcar concertos, não aprofundei sobre o assunto. Não percebo o ponto de convidar os The 1975 para um país e dizer-nos com quem é que podemos ter sexo", disse o 'frontman' da banda que passou recentemente por Portugal, no Super Bock Super Rock.

O concerto acabou por ser terminado mais cedo, com Healy a dizer ao público que o grupo "acabou de ser banido de Kuala Lumpur".

Pouco tempo depois, o comité governamental que supervisiona a reprodução e produção artística por estrangeiros no país anunciou a decisão de cancelar o resto de todo o festival, e os músicos ficaram impedidos de voltar à Malásia. Através do Twitter, o ministro das Comunicações, Fahmi Fadzil garantiu que "não haverá compromissos contra quaisquer partes que desafiarem, criticarem ou violarem as leis malaias".

A homossexualidade é um crime na Malásia, um país predominantemente muçulmano, e grupos de direitos humanos têm vindo a alertar para a crescente ostracização das comunidades LGBTI+ no país. Em março, o governo implementou novas leis ainda mais restritivas, impondo um 'dress code' e um código de conduta para cidadãos estrangeiros, de forma a 'proteger a sensibilidade' dos locais.

Nos dias que se seguiram ao incidente, os britânicos acabariam por cancelar mais concertos, nomeadamente na Indonésia e em Taiwan.

Na altura, apesar da forma de protesto dos The 1975 ter sido aplaudida no evento e por organizações internacionais, as mesmas organizações de proteção de pessoas queer existentes na Malásia acabaram por criticar Matt Healy, acusando de "ativismo performativo" e de colocar em risco uma comunidade já em perigo.

"Matt Healy tornou sem dúvida a situação pior para malaios queer que vivem aqui, e enfrentam as consequências, porque todos sabemos que os políticos vão usar isto para empurrar a sua agenda", disse Carmen Rose, uma drag queen malaia, através do Twitter.

Esta não é a primeira vez que os The 1975 surgem no centro de uma polémica por causa de direitos LGBTI+. Em 2019, num concerto nos Emirados Árabes Unidos (outro país que criminaliza atos homossexuais), Healy beijou um fã do sexo masculino, levando a muitas críticas por partes das autoridades governamentais.

Leia Também: Festival cancelado na Malásia depois de beijo gay protagonizado por banda

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