Questionada pela Lusa sobre o papel que pode ter no conflito a Igreja Católica, que já enviou um emissário papal a Moscovo e Kyiv sem resultados visíveis, Olesya Vinnyk mostrou-se sobretudo confiante no papel que o líder católico estará a ter nos bastidores.
O Papa Francisco "está a fazer muito mais pela Ucrânia do que é divulgado", frisou a médica e ativista, em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Olesya Vinnyk confessou ainda que reza para que o Papa Francisco "seja um guerreiro de Deus forte e corajoso".
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sancionou, no final de julho, uma lei que determina que a Ucrânia passa a celebrar o Natal em 25 de dezembro, em vez de 7 de janeiro, como até agora, defendendo que permite aos ucranianos afastarem-se da "ideologia russa".
Olesya Vinnyk contou que a sua família já no ano passado celebrou o dia de Natal em 25 de dezembro e que isso "pareceu certo".
"Historicamente, era o caminho ucraniano a percorrer e parecia que estávamos a regressar às nossas raízes originais", frisou.
A mudança para alterar a data em que se celebra o Natal é a mais recente de uma série de medidas que a Ucrânia tomou nos últimos anos para se distanciar de Moscovo, incluindo renomear ruas e cidades que evocavam a era soviética.
A lei ilustra também o afastamento que cresceu entre as igrejas de Kyiv e Moscovo ao longo de vários anos, reforçada pela invasão russa da Ucrânia lançada em fevereiro de 2022.
Um conjunto de Igrejas Ortodoxas no mundo, incluindo as da Rússia ou da Sérvia, ainda utiliza o calendário juliano para as suas celebrações religiosas e não o calendário gregoriano, elaborado no final do século XVI.
Responsável por uma iniciativa médica integrada na ação global "Unite with Ukraine", da organização não-governamental (ONG) Ukrainian World Congress (UWC), que representa 20 milhões de ucranianos em 65 países, a ativista ucraniana de 32 anos esteve em Lisboa para a JMJ, onde participou como palestrante no Encontro Internacional de Jovens Médicos Católicos e reuniu com a diáspora ucraniana em Portugal.
Sobre a situação na linha da frente, a médica destacou que a dinâmica dos combates, em mudança constante, obriga a um trabalho redobrado para satisfazer as necessidades médicas.
Corresponder com os "melhores equipamentos médicos sem comprometer a qualidade requer muitos recursos", alertou.
"A guerra é extremamente cara. Por isso, quanto mais envolvidas as comunidades internacionais estiverem, mais cedo acabaremos com este pesadelo", sublinhou ainda.
A médica ucraniana instou ao apoio e alertou que deve ser evitada uma "nova pandemia que se está a espalhar pelo mundo - a pandemia da indiferença".
A posição entre os aliados de Kyiv, como Portugal, satisfaz, mas Olesya Vinnyk destacou que "nunca há esforços suficientes para proteger um país da agressão russa".
"Uma posição política firme concertada com a verdade sobre as crueldades russas na Ucrânia é fundamental. Atualmente, é essencial chamar as coisas pelos seus nomes próprios - a Rússia é o Estado agressor que cometeu e continua a perpetrar um genocídio contra o povo ucraniano. Nenhuma outra posição é aceitável", defendeu.
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