As autoridades neerlandesas já tinham condenado a realização da manifestação, assegurando, ao mesmo tempo, que não dispunham de meios legais para proibi-la.
Edwin Wagensveld, líder da filial neerlandesa do movimento de extrema-direita Pegida, saltou sobre o livro considerado o mais sagrado do Islão e depois rasgou-o, constatou no local a agência France-Presse (AFP).
Acompanhado por duas pessoas, Wagensveld vestia uma t-shirt com a frase: "O Islão não é melhor do que o nazismo".
A polícia bloqueou o acesso à rua no centro de Haia, onde fica a embaixada turca, a cerca de cinquenta 'contra manifestantes', que recuaram para o outro lado do canal, ao lado da representação de Ancara nos Países Baixos.
Quando Wagensveld rasgou as páginas, algumas destas pessoas atiraram pedras na sua direção.
Na altura em que o líder do movimento anti-muçulmano Pegida saiu do local, os 'contra manifestantes' gritaram "Allahu Akbar" ("Alá é grande", em árabe) e tentaram alcançá-lo, antes de serem parados por cerca de 20 polícias.
A ministra da Justiça neerlandesa, Dilan Yezilgöz, qualificou como "bastante primitivo e patético" o ato de destruir ou queimar um livro.
Mas "é permitido no nosso país, as pessoas têm essa liberdade", acrescentou a governante, citada pela agência noticiosa neerlandesa ANP.
Para Yezilgöz, um possível ataque terrorista em retaliação à destruição do Corão é uma ameaça que deve ser levada em consideração.
"A Câmara Municipal de Haia é responsável por uma cidade respeitosa e inclusiva e distancia-se de comportamentos que não contribuam para isso", frisou, por sua vez, o líder da autarquia, Jan van Zanen.
O líder do partido de extrema-direita PVV, Geert Wilders, expressou o seu apoio à ação do Pegida, através da rede social X (antigo Twitter).
No final de janeiro, Wagensveld foi filmado a liderar o mesmo tipo de manifestação, em frente ao Parlamento neerlandês.
No final de julho, dois homens atearam fogo a uma cópia do Corão em frente ao Parlamento em Estocolmo, sendo que ações semelhantes também aconteceram este ano na Dinamarca.
Esses incidentes causaram condenação e agitação em vários países muçulmanos.
Em resposta, a Suécia decidiu na quinta-feira elevar o seu nível de alerta terrorista.
Um exemplar do Corão foi hoje novamente queimado em Estocolmo, capital da Suécia, e uma mulher foi detida quando tentou impedir o ato disparando um extintor contra ativistas anti-islâmicos, segundo relataram as agências internacionais.
Momika, refugiado do Iraque, já profanou o Corão numa série de protestos anti-islâmicos que causaram revolta em muitos países muçulmanos.
A polícia sueca permitiu as suas manifestações, invocando a liberdade de expressão, mas Momika enfrenta acusações preliminares de discurso de ódio.
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