Níger. Gabinete de Bazoum diz que junta golpista fechou-se ao diálogo
O gabinete do deposto Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, considera que o discurso de sábado à noite do líder golpista nigerino, general Abdourahamane Tiani, sugere que os militares se fecharam "hermeticamente" ao diálogo apesar das promessas de negociação.
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Mundo Mohamed Bazoum
O vice-chefe de gabinete de Bazoum, Oumar Moussa, afirmou que o discurso de Tiani foi "assustador" ao proferi-lo numa altura em que a missão de mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acabava de deixar o país depois de protagonizar nova tentativa de diálogo com os golpistas, que mantêm o Presidente preso desde 26 de julho.
"Essas declarações mostram que estão hermeticamente fechados ao diálogo e são um verdadeiro ato de desprezo pelo povo do Níger, pelos chefes de estado da CEDEAO e pela comunidade internacional", lamentou Moussa à Radio France Internationale (RFI).
Moussa desvalorizou as manifestações de apoio aos líderes golpistas no país: "Todos nós sabemos como os manifestantes são criados: usamos recrutas e vestimo-los com roupas civis", disse.
O vice-chefe de gabinete do Presidente deposto confirmou que a missão da CEDEAO pôde visitar Bazoum e a sua família, detidos sem eletricidade na cave da residência presidencial, em condições que "não são nada boas".
O porta-voz rejeitou as promessas de transição no prazo máximo de 36 meses feitas por Tiani durante o seu discurso.
Sobre a possível intervenção militar da CEDEAO no Níger, Moussa limitou-se a manifestar a sua absoluta concordância com a organização, entendendo que "este golpe já é de mais" depois dos ocorridos no Mali e no Burquina Faso.
"A ordem constitucional não pode ser ignorada assim. Devemos restaurar o Presidente Bazoum e negociar a saída dos líderes golpistas para que as coisas voltem ao normal", acrescentou.
No sábado, o general Tiani assegurou que a transição não pode exceder três anos e alertou os países estrangeiros contra uma intervenção militar no seu país.
"A nossa ambição não é confiscar o poder", disse Tiani, durante um discurso, especificando que a duração da transição "não pode ultrapassar três anos".
"Se um ataque for realizado contra nós, não será a vitória fácil em que algumas pessoas acreditam", alertou, um dia depois de ter sido conhecida uma decisão da CEDEAO, afirmando que estava pronta para uma intervenção armada.
Num discurso que durou cerca de 10 minutos, o general Tiani anunciou o lançamento de um "diálogo nacional" dando 30 dias para formular "propostas concretas" com vista a lançar "as bases de uma nova vida constitucional".
As declarações surgem na sequência da visita, ao início do dia, de uma delegação da CEDEAO para procurar uma solução pacífica para a crise.
"A CEDEAO prepara-se para atacar o Níger através da criação de um exército de ocupação em colaboração com um exército estrangeiro", continuou o general Tiani, sem citar um país.
O novo líder do Níger também denunciou sanções "ilegais" e "desumanas" por parte da organização regional da África Ocidental.
Desde 30 de julho, o Níger está sob pesadas sanções financeiras e comerciais impostas pela CEDEAO, que quer o retorno ao poder do Presidente deposto, Mohamed Bazoum, mantido prisioneiro desde o golpe de 26 de julho.
O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burquina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
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