O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, rejeitou, esta terça-feira, que o envio de caças F-16 por parte da Dinamarca e dos Países Baixos à Ucrânia venha a contribuir para a escalada do conflito contra a Rússia, apelando a “decisões semelhantes” por parte dos restantes parceiros daquele país invadido.
“O fornecimento de aviões de combate F-16 para a Ucrânia relaciona-se, antes de mais, com a plena compreensão por parte dos países doadores (países nórdicos) da natureza geral da guerra e desta fase específica”, começou por explicar o responsável, na rede social X (antigo Twitter).
E esclareceu: “Trata-se também da desescalada, da redução significativa dos riscos de expansão da guerra e da aceleração de um final justo. Trata-se de minimizar as perdas ucranianas, otimizar as operações ofensivas e aumentar a eficácia da destruição do grupo de ocupação russo.”
Na sua ótica, “os países que estão atualmente a transferir equipamento de aviação para a Ucrânia demonstram abertamente que estão profundamente interessados em proteger o direito internacional, a democracia e a justiça”, ressalvando, contudo, que “tudo isto só será possível se a Rússia for absolutamente derrotada”.
“É extremamente importante que os outros parceiros da Ucrânia tomem decisões semelhantes”, apelou.
The transfer of fighter jets (F16) to #Ukraine is, first of all, about the full understanding by the donor countries (Nordic countries) of the general nature of the war, and this particular stage. It is also about de-escalation, significant reduction of the risks of war…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) August 22, 2023
De notar que, na segunda-feira, o embaixador russo Vladimir Barbin condenou o fornecimento de caças F-16 à Ucrânia por parte da Dinamarca e dos Países Baixos, atirando que “ao refugiar-se na premissa de que a própria Ucrânia deve determinar as condições para a paz, a Dinamarca procura, com as suas ações e palavras, deixar a Ucrânia sem outra escolha a não ser continuar o confronto militar com a Rússia”.
No entanto, o ministro da Defesa dinamarquês, Jakob Ellemann-Jensen, ressalvou que a Ucrânia só poderá usar as aeronaves no seu território.
"Doamos armas com a condição de que sejam usadas para expulsar o inimigo do território da Ucrânia. E não mais do que isso. Essas são as condições, sejam tanques, aviões de combate ou qualquer outra coisa", disse, na segunda-feira.
Recorde-se que a Dinamarca doará 19 caças F-16 à Ucrânia, enquanto os Países Baixos fornecerão 42 aeronaves, naquilo que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou ser uma decisão “histórica”.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 9.444 civis desde o início da guerra e 26.384 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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