"Defendo que os irmãos da Argentina possam participar do BRICS. Vamos ver no encontro", mas "é muito importante que a Argentina esteja no BRICS", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva num programa semanal transmitido através das redes sociais.
O Presidente brasileiro, que está em Joanesburgo para participar da XV Cimeira dos chefes de Estado e de Governo dos BRICS, que reúne as economias emergentes mais poderosas do mundo, garantiu que a ampliação do fórum será um dos temas do encontro, que começa hoje.
O chefe de Estado brasileiro já tentou ajudar financeiramente a Argentina por meio do banco de fomento do grupo, mas os regulamentos da entidade impediu que a Argentina contratasse empréstimos e financiamentos para tentar revitalizar a sua economia em crise.
No entanto, o líder dos Partidos dos Trabalhadores (PT) insistiu que "é possível ajudar" a Argentina, se o país se tornar membro dos BRICS, e disse que proporia uma estratégia "mais serena, madura e menos pragmática" como estabelecem as regras de hoje, "que só favorecem o sistema financeiro".
Nesse sentido, Lula da Silva redobrou as críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que criticou por só se manifestar "quando há crises em pequenos países de África e da América Latina".
O Presidente brasileiro também denunciou que, com os empréstimos do FMI, o país devedor "fica preso" e "não pode sair", e voltou a citar o caso da Argentina.
Lula da Silva aludiu ao empréstimo de 44 mil milhões de dólares (40,5 mil milhões de euros) que o FMI concedeu à gestão de Mauricio Macri (2015-2019), que o atual governante argentino, Alberto Fernández, herdou e "agora tem de o pagar" num contexto de inflação descontrolada, escassez de divisas e uma forte seca que atingiu ainda a sua economia argentina.
"O Brasil não pode fazer uma política de desenvolvimento industrial sem contar com a Argentina, que é um país que tem que crescer junto com o Brasil, que tem que compartilhar seu crescimento com os países vizinhos", destacou.
O Presidente argentino, Alberto Fernández, disse na segunda-feira que não comparecerá à Cimeira dos BRICS porque a Argentina não deve ingressar no bloco, confirmaram fontes oficiais à agência Efe.
Esperava-se que a expansão do grupo fosse a agenda principal, no entanto, fontes do Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que a entrada oficial de novos países não está na agenda da cimeira, apesar das grandes expectativas neste sentido.
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