O cofundador e comandante do Grupo Wagner, Dmitry Utkin, foi enterrado numa cerimónia privada nos arredores de Moscovo, esta quinta-feira, depois de ter perdido a vida num acidente de avião que vitimou o fundador da milícia armada, Yevgeny Prigozhin, e oito outras pessoas, a 23 de agosto.
O funeral do homem de 53 anos decorreu em Mytishchi, numa cerimónia monitorizada pela polícia militar russa, adiantou a agência Reuters.
Também Prigozhin teve direito a exéquias discretas, que decorreram na terça-feira, em São Petersburgo.
Descrito como o fundador ou cofundador do Grupo Wagner, Utkin era conhecido por 'Wagner', numa ode ao compositor favorito do ditador alemão Adolf Hitler, Richard Wagner.
Na verdade, o oficial era descrito como sendo um fanático "pela história do Terceiro Reich", tendo "inúmeras tatuagens nazi, incluindo uma suástica, uma águia nazi e relâmpagos SS", diz o The Guardian, que cita meios de comunicação russos.
O militar, que raramente aparecia em público, foi oficial do serviço de informações do Ministério da Defesa russo (GRU) da Rússia entre 1988 e 2008, tendo servido nas guerras da Chechénia e da Síria. Acabou por se relacionar com algumas milícias privadas, como os Corpos Eslavos, que o levou até à Síria, em 2013. No entanto, ficou detido durante cerca de um ano e meio, uma vez que não tinha o aval do Estado russo, segundo o mesmo meio.
Participou, depois, nas operações russas no leste da Ucrânia, a partir de 2014, e recebeu prémios pelos seus serviços pelo Kremlin. Na verdade, terá tido uma função central no controlo da Crimeia e no conflito no Donbass.
Contudo, o seu papel no seio da milícia militar não é claro, desconhecendo-se se atuava como fundador ou como comandante do Grupo Wagner. Não se sabe, também, como é que os caminhos de Prigozhin e de Utkin se cruzaram.
Sublinhe-se que a morte repentina do oligarca russo que liderava aquele grupo de mercenários desencadeou uma enorme onda de especulação, embora o Kremlin tenha garantido que não teve nada que ver com a queda do avião, que ocorreu a 23 de agosto.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou publicamente as suas condolências, tendo, contudo, ressalvado que o seu antigo aliado cometera "grandes erros na vida", numa referência velada à revolta protagonizada pelo líder do Grupo Wagner.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 9.511 civis desde o início da guerra e 26.717 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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