Esta semana, horas antes dos militares golpistas anunciarem a "dissolução do regime" de Libreville, a entidade que regula as eleições comunicou que Ali Bongo obteve 64,27% dos votos, face ao rival Albert Ondo Ossa que conseguiu 30,77% dos votos nas eleições presidenciais.
Hoje, Mike Jocktane, diretor de campanha da Alternância 2023 - que apoiou a "valentia e o patriotismo" dos militares golpistas, pediu a revisão do processo eleitoral sob a supervisão das Forças Armadas.
Jocktane considera que Ossa conseguiu uma "grande vitória nas urnas" e criticou as autoridades eleitorais pela suspensão da recontagem dos votos que estava a ser efetuada na passada terça-feira.
"No final deste processo que deveria continuar sob a supervisão das nossas Forças Armadas, Albert Ondo Osso vai ver formalizada a vitória alcançada nas urnas (...). Este é o caminho em direção à democracia e ao Estado de Direito", disse Mike Jocktane.
Entretanto, o candidato da oposição afirmou, em entrevista ao canal de televisão francês TV5 Monde, que o que sucedeu no Gabão não foi um verdadeiro golpe de Estado mas sim "uma revolução palaciana" porque foi a "'Guarda Pretoriana' a tomar o poder".
Ondo Ossa pretende demonstrar que a mudança de regime é apenas "uma fachada" destinada a manter à distância Ali Bongo e, por isso, pede "total transparência sobre os resultados (eleitorais) para que seja restabelecida a legitimidade democrática".
Os militares golpistas afirmaram que o "país atravessa uma grave crise institucional, política, económica e social" sublinhando que as recentes eleições "não cumpriram as condições de transparência e credibilidade esperadas pelos cidadãos do Gabão".
O chefe de Estado deposto, Ali Bongo, que permanece sob prisão domiciliária pediu ajuda à "comunidade internacional" numa mensagem difundida através das redes sociais em que criticou o autoproclamado Comité de Transição e Restauração das Instituições que declarou o "fim do regime".
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