Um antigo guarda de um campo de concentração na Alemanha foi acusado por colaborar em homicídios pelos nazis durante o Holocausto, naquele que é o mais recente episódio da recente 'corrida' pela justiça alemã em investigar, julgar e condenar trabalhadores de campos de concentração antes de estes morrerem.
O guarda em causa, identificado como Gregor F., tem 98 anos e trabalhou no campo de Sachsenhausen, a norte de Berlim, entre 1943 e 1945. Na altura, Gregor F tinha apenas 16 anos.
A procuradoria estatal na cidade de Gießen, perto de Frankfurt, confirmaram que o julgamento irá ser levado a cabo através de um tribunal de menores, já que, à altura dos crimes, o homem ainda era um adolescente. E, de acordo com a lei aplicada a menores de idade, será julgado em Hanau, próximo da sua zona de residência.
"O homem, um cidadão alemão, que na altura dos crimes era um adolescente, é acusa de ter ajudado na morte cruel e pérfida de centenas de prisioneiros", afirmou Thomas Hauburger, o procurador-geral da região de Gießen, citado pelo The Guardian.
Hauburger acrescentou que Gregor F. foi considerado "apto para ser julgado, com restrições", depois de uma avaliação psiquiátrica.
Ao Der Spiegel, Hans-Jürgen Foster, um advogado que vai representar um antigo prisioneiro no mesmo campo de refugiados, afirmou que tem esperanças que estes casos contra antigos guardas, secretários, ou outros trabalhadores nestas infraestruturas, demonstrem a importância de funcionários 'simples' em manter as políticas do Holocausto a funcionar ao ritmo pretendido pelos altos cargos nazis. Para Foster, Gregor F era o exemplo de um guarda prisional que representava "as condições que eram hostis à vida, que prevaleceram ao longo de todo o o complexo dos campos de concentração.
O campo de concentração de Sachsenhausen foi um dos primeiros a ser criado pela Alemanha nazi, tendo sido utilizado logo a partir de 1936 para trabalhos forçados, execuções sumárias e experiências médicas (que eram realizadas em pessoas de minorias étnicas atacadas pelos nazis, especialmente judeus e pessoas com deficiências). O campo acabaria por passar a ser utilizado para reter prisioneiros políticos durante a Segunda Guerra Mundial e, à semelhança de dezenas de outros campos, para homicídios em massa com recurso a câmaras de gás.
Estima-se que mais de 200 mil pessoas foram presas em Sachsenhausen, e pelo menos 50 mil foram mortas antes da libertação, em abril de 1945.
Hoje em dia, Sachsenhausen é um museu em homenagem às vítimas do Holocausto e pode ser visitado por turistas, tal como é o caso do campo de Auschwitz-Birkenau, o mais conhecido.
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