Líder golpista do Gabão reuniu-se com mediador designado para o diálogo

O general Brice Oligui Nguema, que dirige o Gabão desde o golpe de Estado de quarta-feira, reuniu-se hoje em Libreville com o Presidente da República Centro-Africana (RCA), mediador designado pelos países centro-africanos para dialogar com a junta militar gabonesa.

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© AFP via Getty Images

Lusa
05/09/2023 20:02 ‧ 05/09/2023 por Lusa

Mundo

Gabão

Faustin Archange Touadéra chegou hoje à capital do país, após os chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) o terem nomeado "facilitador do processo político" no Gabão.

A imprensa local noticiou o encontro entre o general e o líder centro-africano, sem revelar o conteúdo das conversações.

O encontro teve lugar depois de os chefes de Estado e de Governo da CEEAC terem dado, na segunda-feira, um ultimato de um ano à junta militar para restabelecer a "ordem constitucional".

"Foi dado o prazo de um ano para reativar o processo político com vista a um rápido regresso à ordem constitucional", anunciou na segunda-feira à noite o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, na sua conta X (antigo Twitter).

O vice-presidente disse ainda que os líderes da CEEAC, reunidos na segunda-feira numa cimeira extraordinária na Guiné Equatorial para discutir a situação no Gabão, decidiram suspender o Gabão como membro e transferir a sede do bloco, anteriormente sediada em Libreville, para Malabo, a capital equato-guineense.

Apesar da condenação da comunidade internacional - incluindo a CEEAC, a União Africana, a ONU e a União Europeia, entre outros -, o general Brice Oligui Nguema tomou posse na segunda-feira como "presidente da transição".

Nguema prometeu a realização de "eleições livres e transparentes" após o período de transição, mas não deu qualquer calendário para as mesmas.

Os líderes do golpe de Estado tomaram o poder na quarta-feira, poucos minutos depois de as autoridades eleitorais do Gabão terem anunciado a vitória do Presidente deposto Ali Bongo, nas disputadas eleições de 26 de julho.

Os militares - tal como a oposição - afirmaram que as eleições não foram transparentes, credíveis ou inclusivas e acusaram o executivo de governar de forma "irresponsável e imprevisível", prejudicando assim a "coesão social".

Além disso, os golpistas colocaram Bongo, de quem Nguema é primo, em prisão domiciliária por "alta traição às instituições do Estado" e "desvio maciço de fundos públicos".

A família de Bongo - que se tornou Presidente após a morte do seu pai, Omar Bongo, em Espanha, em 2009 - está no poder desde 1967.

O golpe de Estado no Gabão, uma das potências petrolíferas da África subsariana, foi o segundo em pouco mais de um mês em África, depois de o exército ter tomado o poder no Níger, a 26 de julho.

O Gabão juntou-se assim à lista de países que tiveram golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos três anos. Além do Níger, registaram-se golpes no Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), Guiné-Conacri (setembro de 2021), Sudão (outubro de 2021) e o Burkina Faso (janeiro e setembro de 2022).

Leia Também: CEEAC dá ao Gabão um ano para restaurar "ordem constitucional"

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