Após quatro meses do cerco à capital do Sudão, Cartum, em agosto o general al-Burhane começou a fazer deslocações ao estrangeiro para tentar afirmar-se na cena diplomática mundial em caso de negociações de paz, segundo especialistas.
Hoje, em Asmara, na Eritreia, ladeado pelos seus Ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros, o General Burhane discutiu com o Presidente daquele país, Isaias Afwerki, o "apoio ao Sudão e à sua integridade territorial", indicou o gabinete do general sudanês.
No X (anteriormente Twitter), o Ministro da Informação da Eritreia, Yemane Meskel, acrescentou que os dois homens tiveram "longas discussões sobre as relações bilaterais e os esforços de paz no Sudão".
Esta é a quarta visita ao estrangeiro, em duas semanas, do chefe da junta militar no poder no Sudão, que antes esteve no Egito, Sudão do Sul e Catar.
A Eritreia, que faz fronteira com o Sudão a sudeste, é um dos poucos países vizinhos que não acolheu alguns dos milhões de refugiados sudaneses que fogem da guerra, tendo a fronteira sido fechada por Cartum em 2019.
No início de setembro, porém, o general Burhane anunciou, a partir de Kassala, estado que faz fronteira com a Eritreia, a reabertura dos postos fronteiriços, um sinal de abertura, mas também de recuperação do controlo de segurança de uma linha de demarcação conhecida há muito tempo pela sua porosidade.
Recentemente, um oficial de segurança sudanês disse à agência de notícias francesa, AFP, sob condição de anonimato, que o tráfico de armas e drogas no Sudão ocorreu principalmente ao sul de Toukar, uma cidade perto da Eritreia, onde os traficantes beneficiam de "uma fraca presença de forças de segurança" ao longo da fronteira. Asmara diz tratarem-se de "mentiras".
O Presidente da Eritreia participou numa reunião de chefes de Estado dos países vizinhos do Sudão, no Cairo, em meados de julho, denunciando "uma guerra lançada sem qualquer razão".
Os confrontos entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR), lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, que começaram em 15 de abril deste ano, já causaram pelo menos 7.500 mortos, segundo estimativas das Nações Unidase outras organizações, que admite que o numero possa ser muito superior, já que não há acesso a muitas zonas sobretudo de Cartum.
Hoje, um grupo de ativistas pró-democracia anunciou que iria enterrar "doze corpos não identificados" após o "massacre do mercado de Qouro", em Cartum. No dia anterior, pelo menos 46 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em ataques aéreos. O exército sudanês, o único neste conflito que possui aviões de combate, negou, no entanto, qualquer envolvimento.
Esta guerra também já forçou quase cinco milhões de pessoas a fugirem das suas casas.
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