Isolados e no 'epicentro' do sismo em Marrocos: "Estamos só à espera"
Há muitos locais na cordilheira Atlas que com os acessos dificultados. As autoridades trabalharam para desimpedir o caminho, enquanto tentam fazer chegar mantimentos aos locais.
© PHILIPPE LOPEZ/AFP via Getty Images
Mundo Marrocos
Três dias depois de um sismo de magnitude 6,8 na escala de Richter ter abalado Marrocos e causado, até ao balanço mais recente desta segunda-feira, 2.681 vítimas mortais, as operações de resgate continuam - e com esforços redobrados na cordilheira Atlas, onde o epicentro foi registado.
Apesar de esta segunda-feira os meios de comunicação marroquinos darem conta de que o exército conseguiu deixou alguns mantimentos - com a ajuda de helicópteros - nos locais mais afetados, há zonas onde o acesso ainda está interdito.
Os militares continua também a tentar aceder a estas zonas a pé, enquanto escavadoras trabalham para desobstruir as estradas que dão acesso a estes locais.
Para muitas famílias, estes foram três dias de espera - que ainda não sabem quando tempo se vão prolongar. é o caso de Ibrahim Goodman, que sempre viveu em Asni. Agora, com três filhos, viu a cidade tornar-se num monte de destroços.
À CNN Internacional, contou que a primeira ajuda que receberam - comida, água e algumas tendas - foi no domingo, cerca de 36 horas após o sismo. mas Goodman confessa que pelo menos, têm alguma coisa: "Por agora estamos bem".
No local há, pelo menos, 20 mortos. Com uma cidade em ruínas, e a ajuda a demorar, Goodman pensa em quando o seu filho Mohamed, de seis anos, vai poder voltar à escola. "Vai depender do governo", refere.
Todos os residentes estão fora das suas casas - mesmo daquelas que conseguiram escapar, já que, de acordo com a CNN Internacional, a maioria ficou destruída ou está instável. "Estamos só à espera. Não há mais nada que possamos fazer", desabafou.
Apesar dos esforços do governo, há quem se tenha feito à estrada para ajudar quem mais precisa. É o caso de Abdelali Amzil, de 34 anos, e de alguns dos seus vizinhos, que foram até Ouirgane, uma vila situada na cordilheira Atlas. Os voluntários carregaram uma carrinha com água e comida para estes residentes desde Casablanca, e encontraram tendas dadas pelo governo, onde os residentes estão a ficar - à semelhança de Asni, também grande parte das casas ficaram destruídas.
Aqui, há pelo menos, 30 mortos. Hmed Elmouden é um dos 300 residentes que ficou sem casa, tendo também perdido a sua cunhada. "Não nos resta nada, a casa desapareceu por completo", contou à CNN. "Não faço ideia do que vai acontecer a seguir. Reconstruir leva muito tempo - lembremo-nos da Turquia", exemplificou.
Moulay Brahim é outra das vilas que ficou destruída com o terramoto, que já é o 6.º mais mortífero do país nos últimos 60 anos. Aqui, morreram 25 pessoas e, segundo o balanço mais recente, de domingo, há três pessoas que continuam desaparecidas. Duas destas são os pais de Sami Sensis.
"Nem os consigo enterrar. Não os posso ver, não sei onde estão", referiu emocionado à imprensa norte-americana.
Os pais de Sensis, de 39 anos, estavam num hotel quando o terramoto aconteceu. "Nada está a acontecer. Estamos só à espera. Dizem-nos para ser pacientes", referiu o homem, confessando que tentou entrar nos destroços do local.
O dono do hotel confirmou que os pais deste homem estavam no hotel e que, apesar de ter conseguido ajudar seis pessoas que estavam nos destroços, nenhuma destas eram os pais de Sensis.
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