Para apoiar as operações humanitárias desencadeadas pelo sismo em Marrocos, que causou mais de 2.900 mortos e de 5.500 feridos, as autoridades argelinas anunciaram na segunda-feira a mobilização de três aviões militares de grande capacidade e de uma equipa de intervenção da Proteção Civil e do Crescente Vermelho composta por 93 socorristas especializados, enquanto aguardavam autorização de Rabat.
Segundo imagens transmitidas em direto pela emissora estatal, as equipas de salvamento estavam prontas a descolar do aeroporto militar de Bufarik, a 40 quilómetros da capital, depois de o ministro da Justiça marroquino, Abdellatif Ouahbi, ter anunciado que Rabat tinha recusado a oferta.
Apesar da insistência de Argel, Rabat informou a parte argelina que o seu país "não tem necessidade de ajuda".
"O governo argelino toma nota da resposta oficial marroquina, da qual tira conclusões óbvias", sublinhou Argel.
A Argélia e Marrocos, cujas fronteiras terrestres estão fechadas desde 1994, mantêm há décadas uma relação diplomática difícil devido à questão do Saara Ocidental.
No verão de 2021, Argel cortou relações diplomáticas com Rabat e fechou o seu espaço aéreo, que reabriu no sábado passado para permitir voos humanitários de e para o país vizinho.
Para a Líbia, indicou hoje a Presidência argelina, Argel enviou oito aviões militares com ajuda humanitária, de forma a minorar os efeitos devastadores provocados pelo ciclone Daniel, que no domingo atingiu o nordeste do país, matando mais de 2.300 pessoas e deixando cerca de 10 mil desaparecidos.
Num comunicado, o Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, indicou ter dado instruções, em resposta a um pedido de ajuda do Presidente do Conselho Presidencial, Mohamed al-Manfi, para o envio de ajuda humanitária "de urgência", constituída por géneros alimentares, material médico, vestuário e tendas.
"Esta ajuda exprime o empenhamento da Argélia, do governo e do povo, numa solidariedade incondicional e ilimitada com o povo irmão da Líbia, a fim de o ajudar a ultrapassar esta dolorosa prova", declarou Tebboune.
Al-Manfi declarou várias províncias da região nordeste da Cirenaica como "zonas de catástrofe" e apelou à comunidade internacional para prestar ajuda humanitária, sobretudo à cidade de Derna, a mais afetada.
Derna, localidade costeira situada 250 quilómetros a nordeste de Benghazi e a uma distância semelhante da fronteira com o Egito, é a quarta cidade mais populosa da Líbia e tinha cerca de 120.000 habitantes na altura da catástrofe natural.
A cidade está atualmente isolada devido à destruição das estradas e pontes provocadas pelas chuvas torrenciais, sem eletricidade e sem comunicações.
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