Numa carta aberta, mais de 3.500 signatários, incluindo o escritor David Grossman e a pintora Tamar Getter, apelaram a Biden e a Guterres para não reunirem com Netanyahu nem o convidarem para falar na reunião anual de líderes mundiais da Assembleia Geral da ONU, alegando a divisão existente entre o Governo de Israel, uma coligação que inclui a extrema-direita, e vários setores do país.
O gabinete do primeiro-ministro israelita informou que Netanyahu viajará até aos EUA na próxima semana, para reunir com líderes de alta tecnologia na Califórnia, antes de voar para Nova Iorque para discursar na ONU.
"Netanyahu coloca os cidadãos uns contra os outros, ameaça a segurança e a economia do país e desvia o olhar do conflito histórico que dilacera Israel -- a dominação forçada do povo palestiniano", pode ler-se na carta aberta.
Para já, o itinerário oficial de Netanyahu não inclui qualquer encontro com Biden na Casa Branca.
No início deste ano, o líder norte-americano disse que não tinha intenção de se encontrar com Netanyahu "no curto prazo", mas em julho suavizou a sua posição, deixando aberta a possibilidade de conversações informais ou de uma reunião à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A pressão de Netanyahu para reformar o sistema judicial do país -- que implica retirada de poderes ao Supremo Tribunal e mais competências à coligação governamental -- atraiu fortes críticas de Washington, onde as autoridades disseram que a aliança EUA-Israel pode ficar ameaçada.
O Governo do Presidente Biden também expressou frustração com o aumento dos colonatos promovidos pelas autoridades israelitas na Cisjordânia ocupada, que os EUA e a comunidade internacional consideram o principal obstáculo à paz com os palestinianos.
A viagem do primeiro-ministro israelita aos EUA ocorre no momento em que o seu plano para reformar o sistema judicial mergulhou Israel numa das mais graves crises internas da história do país, levando centenas de milhares de manifestantes israelitas às ruas nos últimos nove meses.
Os opositores do regime dizem que a reforma concentrará o poder nas mãos de Netanyahu e dos seus aliados de extrema-direita, desgastando as instituições democráticas do país.
Os defensores do plano dizem que o poder judicial, liderado pelo Supremo Tribunal, exerce um excesso de influência sobre a vida política.
Biden expressou preocupação sobre o assunto quando o Parlamento de Israel aprovou a primeira peça legislativa desta reforma, em julho, classificando-a de "lamentável".
O Supremo Tribunal de Israel começou hoje a examinar os recursos apresentados contra a reforma judicial, legislação controversa do Governo de Netanyahu que tem sido fortemente contestada.
Os 15 juízes da Supremo Tribunal de Israel vão reunir-se para ouvir os argumentos contra uma disposição que visa eliminar a possibilidade de o poder judicial se pronunciar sobre a "razoabilidade" das decisões governamentais ou do Parlamento.
Esta disposição, adotada pelo Knesset (Parlamento) em julho, restringe os poderes do Supremo Tribunal para invalidar uma lei ou uma decisão governamental.
Poucos minutos antes do início da sessão, dezenas de manifestantes juntaram-se frente ao edifício do Supremo, alguns dos quais agitando bandeiras israelitas e outros tocando tambores.
A Presidente do Supremo Tribunal, Esther Hayut, declarou que seriam apreciados oito recursos contra a "doutrina da razoabilidade" que consta da proposta do Governo.
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