"Olha para isto, politicamente como uma jogada extremamente corajosa e audaz, economicamente e de um ponto de vista da competitividade, muito bem-vinda, e, em terceiro lugar, de uma perspetiva ambiental podemos concentrar-nos em como vamos entregar soluções de transporte aos nossos cidadãos com materiais locais", disse Roberta Metsola, durante uma conversa com jornalistas das agências de notícias em Estrasburgo (França).
A presidente do PE acrescentou que a decisão da Comissão Europeia de abrir uma investigação às subvenções estatais para veículos elétricos chineses "era necessária" e que "há muito que era pedido uma ação contra o dumping".
"Vamos ver qual vai ser a reação [da China], mas acho que [a decisão] não foi inesperada", completou Roberta Metsola.
Na ótica da presidente do Parlamento Europeu a abertura desta investigação "está em linha com o que ela [von der Leyen] disse sobre esta não ser uma corrida protecionista rumo ao fundo".
Metsola considerou que durante pouco mais de uma hora Ursula von der Leyen fez um discurso de balanço daquilo que a Comissão fez nos últimos anos e que todos os grupos políticos representados no hemiciclo conseguiram encontrar partes com as quais concordaram.
A menos de um ano das eleições europeias, a presidente do PE advertiu que a maneira como a legislação é debatida, deliberada e implementada, sem explicar as consequências económico-sociais "vamos aumentar os discursos antieuropeus".
"Já o podemos ver. Lembro-me de uma reunião com o primeiro-ministro da Estónia, há um ano, e que ele dizia que os extremismos [políticos] utilizam o 'Green New Deal' para justificar o aumento das faturas da energia", comentou.
Sobre a continuidade de von der Leyen na Comissão Europeia, Roberta Metsola respondeu: "Perguntem-lhe."
Contudo, a presidente do PE admitiu que as temáticas que a presidente da Comissão Europeia levou para o debate de hoje do Estado da União são semelhantes às dos cidadãos europeus, de acordo com as sondagens conduzidas pelo parlamento.
"Foi um discurso que olhou para os sucessos, como o apoio à Ucrânia [...], que recebeu um grande acolhimento, até das mulheres no hemiciclo quando referiu que 'não é não' [uma alusão ao movimento que repudiava e insurgiu-se contra comportamentos misóginos e a discriminação de mulheres]", comentou.
Para o futuro, Roberta Metsola quer ver um maior enfoque "na saúde, energia e defesa", nomeadamente o Cartão Europeu de Deficiente, integrado na estratégia para os Direitos das Pessoas com Deficiência 2021-2030.
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