"Não podemos permitir que processos políticos nos nossos países influenciem o abastecimento alimentar no mundo", disse o vice-ministro ucraniano da Política Agrária e da Alimentação, Markiyan Dmytrasevych, durante o Fórum Económico e Ambiental da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Praga.
"A Rússia continua a jogar a carta da chantagem com a fome, mas esses jogos vorazes já não são aceites pelo mundo", defendeu o representante ucraniano numa intervenção por vídeo na reunião da OSCE.
A Eslováquia, a Polónia, a Hungria e a Roménia vão continuar a proibir a entrada de trigo, milho, colza e girassol provenientes da Ucrânia, quando a proibição temporária expirar hoje, enquanto a Bulgária afirmou que irá renunciar às restrições, que expiram na sexta-feira.
A Ucrânia teve de intensificar a utilização de "rotas de solidariedade" terrestres (rodoviárias e ferroviárias) e fluviais após a suspensão, em julho, do acordo com a Rússia, que permitia a exportação de cereais através do Mar Negro, apesar da bloqueio russo aos portos ucranianos.
Através destas rotas alternativas, a Ucrânia conseguiu exportar cerca de 3,7 milhões de toneladas de cereais em agosto, informou Dmytrasevych.
Durante o acordo de cereais, a Ucrânia exportou cerca de 32 milhões de toneladas de cereais, o que equivale a 40% das exportações alimentares da Ucrânia antes da invasão russa.
"Isto levou a uma queda nos preços dos alimentos e tornou-os mais acessíveis", explicou o vice-ministro ucraniano.
"As razões políticas internas não devem prevalecer sobre os valores humanos universais", concluiu Dmytrasevych, referindo-se às pressões do setor agrícola nos países vizinhos, como a Polónia ou a Roménia, contra a entrada de produtos ucranianos.
A OSCE é uma organização internacional, com sede em Viena e composta por 57 países europeus, da Ásia Central e da América do Norte, com o objetivo de promover a democracia e o Estado de Direito na região.
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