O anúncio do vencedor foi feito esta tarde no museu Beeld & Geluid, em Haia, nos Países Baixos, pela fundação European Press Prize e o Studio Europa Maastricht, promotores do prémio.
O cartoon de Ben Jennings que venceu a competição representa uma mesa de matraquilhos, com o formato de um caixão, com as habituais figuras de jogadores substituídas por operários da construção civil, com os seus uniformes, presos uns aos outros, sem hipótese de fuga da condição em que se encontram.
Este cartoon foi publicado na revista The Economist, em novembro de 2022, quando teve início o Campeonato Mundial de Futebol, que decorreu no Qatar de 20 de novembro e 18 de dezembro, e foram denunciadas as más condições de trabalho e de alojamento dos operários que construíram os estádios.
Ben Jennings on the 2022 World Cup in Qatar – cartoon http://t.co/aV3GhmS5GZ pic.twitter.com/UwOEH6Lcvl
— The Guardian (@guardian) February 25, 2015
Ben Jennings, baseado no Reino Unido, colabora regularmente com a imprensa britânica, nomeadamente com os jornais The Guardian e The New Statesman, além a The Economist.
Como segundos classificados, o júri dos European Cartoon Award escolheu trabalhos dos cartoonistas Harry Burton, da Irlanda, e de Patrick Chappatte, da Suíça: o primeiro de crítica ao alheamento global dos dirigentes políticos sobre a crise climática, publicado no jornal irlandês Irish Examiner, quando da realização da COP 2022, no Egito; o segundo, sobre guerra na Ucrânia, na sequência da invasão russa, saído na revista alemã Der Spiegel.
Foram ainda dadas Menções Honrosas a Tjeerd Royaards, dos Países Baixos, e Víctor Solís, do México: o primeiro aborda a crise de migrantes, num cartoon publicado no jornal neerlandês Trouw; o segundo admite a possibilidade de um mundo melhor, através do desenho de uma criança, e foi publicado pela plataforma ambientalista espanhola EFEVerde.
O European Cartoon Award reconhece o melhor cartoon editorial que tenha sido publicado num órgão de comunicação social europeu e tem um valor monetário de 10.000 euros.
Para esta edição estavam nomeados os cartoonistas portugueses Cristina Sampaio e António Antunes, entre os 16 finalistas ao prémio: Cristina Sampaio, com um cartoon publicado no jornal Público que alude à Rússia e ao presidente Vladimir Putin; António Antunes por um cartoon que critica o regime do Irão, com uma caricatura do líder religioso Ali Khamenei publicada no semanário Expresso.
Cristina Sampaio trabalha como ilustradora e cartoonista desde os anos 1980, com uma longa lista de colaborações na imprensa nacional e internacional, e com obra publicada para a infância. Recebeu vários prémios, entre os quais o World Press Cartoon e o Prémio Stuart de desenho de imprensa.
Recentemente, o nome de Cristina Sampaio esteve envolto em polémica por causa de um cartoon animado para o coletivo Spam Cartoon, que remetia para um acontecimento em França, sobre um jovem que morreu às mãos da polícia, e que depois deu origem a vários tumultos no país.
António Antunes, que assina apenas como António, soma quase cinquenta anos de trabalho como cartoonista e caricaturista na imprensa portuguesa, em particular no semanário Expresso.
Acumula também várias controvérsias, desde uma caricatura do Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, no começo da década de 1990, a um cartoon com o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, tendo sido acusado de antissemitismo e levado a que o jornal The New York Times abandonasse a publicação de cartoons na sua edição internacional.
É um dos mais premiados cartoonistas portugueses, tendo recebido, entre outros, o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal e o Prémio Stuart. Este ano foi condecorado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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