Alemanha diminui trocas comerciais com a China sem reduzir dependência

O comércio entre a Alemanha e a China diminuiu no primeiro semestre, mas o país europeu não reduziu a dependência do gigante asiático, segundo um estudo publicado hoje pelo Instituto Económico Alemão (IW).

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Lusa
15/09/2023 11:27 ‧ 15/09/2023 por Lusa

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No primeiro semestre de 2023, as exportações de produtos alemães para a China diminuíram 8,4 por cento em comparação com o ano anterior, enquanto as importações caíram 16,8%, disse o instituto privado com sede em Colónia.

Os dados significam uma redução do défice comercial alemão com a China para 30 mil milhões de euros, contra 41 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2022.

O IW advertiu, no entanto, que a queda se deve principalmente a efeitos especiais, sobretudo nos produtos químicos, material elétrico e automóveis, sem os quais as importações teriam caído apenas 3% este ano.

O instituto considerou que, por causa destes fatores, não é possível falar de uma menor dependência económica de Pequim, segundo a agência espanhola EFE.

O IW disse que foram feitos poucos progressos no domínio do 'de-risking', a redução dos riscos associados à importação de materiais essenciais, em que a Alemanha ainda tem "um longo caminho a percorrer", segundo o perito Jurgen Matthes.

No primeiro semestre de 2023, dos 800 grupos de produtos em que as importações da China representavam mais de 50% em 2022, esta percentagem foi reduzida de forma mais ou menos significativa em 560 grupos.

Tendo em conta especificamente os produtos de importância crítica para a indústria, como máquinas ou produtos químicos importados em grande escala, só em cada dois grupos de produtos é que as importações diminuíram, e apenas ligeiramente.

Só em 5% destes grupos de produtos é que as importações diminuíram 20% ou mais.

O IW salientou que a influência chinesa no setor automóvel está a aumentar e que as importações de veículos e motores da China cresceram na Alemanha no primeiro semestre do ano "uns incríveis 243%".

A razão para tal é a chegada ao mercado alemão de marcas chinesas especializadas na mobilidade elétrica, que beneficiam da tecnologia disponível na Alemanha neste domínio, bem como veículos de marcas alemãs que são montados no país asiático.

O IW lembrou que a Comissão Europeia anunciou que vai tomar medidas para garantir que os veículos elétricos mais baratos da China não beneficiem dos subsídios existentes na UE.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na quarta-feira a abertura de uma investigação sobre subvenções de Pequim a automóveis elétricos provenientes da China à venda na União Europeia (UE).

"Os mercados globais estão hoje inundados por carros elétricos chineses que são mais baratos e os seus preços mantêm-se artificialmente baixos através de subvenções estatais gigantescas", afirmou, durante o debate sobre o estado da União.

Os carros elétricos chineses, que entraram recentemente no mercado da UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia, segundo fontes da Comissão Europeia.

"Estimamos que, num período de tempo muito curto, esta quota de mercado possa facilmente duplicar", fixando-se em 15% em 2025, disseram funcionários da comissão após o anúncio de Ursula von der Leyen.

Em reação, a China advertiu para o "impacto negativo" da investigação nas relações entre Pequim e Bruxelas, e acusou a UE de protecionismo.

Leia Também: Reino Unido, França e Alemanha mantêm sanções ao programa nuclear do Irão

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