O Departamento do Tesouro norte-americano publicou hoje uma ampliação da sua lista de sanções ao Irão, nela incluindo 'media' estatais como a estação Press TV e as agências Tasnim e FARS.
"Muitos destes órgãos trabalham em conjunto com os serviços de segurança e de informações iranianos, esbatendo as fronteiras entre o Governo e a comunicação social e alargando o alcance opressivo do regime" da República Islâmica, sublinhou o Departamento do Tesouro (equivalente ao Ministério das Finanças) num comunicado.
No caso da Press TV -- propriedade da empresa Radiodifusão da República Islâmica do Irão --, as autoridades norte-americanas acusam-na de ter transmitido "dezenas de confissões forçadas e programas depreciativos sobre ativistas iranianos", além de ter trabalhado para os serviços secretos nacionais.
Quanto à agência Tasnim, o Tesouro norte-americano indicou que foi fundada por comandantes da Guarda Revolucionária que continuam atualmente "a exercer controlo sobre a Tasnim, em nome da Guarda Revolucionária" e, além disso, acusa-a de apoiar a repressão da dissidência no Irão.
Por último, a agência de notícias FARS, que Washington também liga à Guarda Revolucionária, partilhou relatórios dos serviços secretos com a Guarda Revolucionária e colaborou com as forças Basij, uma milícia paramilitar voluntária fundada por ordem do ayatollah Khomeini em 1979 e que é subordinada da Guarda Revolucionária.
Além destas três empresas, as autoridades norte-americanas incluíram na sua lista de alvos de sanções mais 25 pessoas e uma organização, devido à sua "relação com a repressão violenta dos protestos à escala nacional por parte do regime após a morte de Mahsa Amini sob custódia da sua 'polícia da moral'".
De entre os indivíduos sancionados, o Tesouro norte-americano destaca os dirigentes das forças de segurança iranianas que, na sua repressão dos protestos nacionais, mataram 500 pessoas e feriram centenas de outras. Os Estados Unidos acusam a polícia iraniana de ter "historicamente desempenhado um papel essencial na repressão".
As pessoas e empresas sancionadas pelos Estados Unidos verão congelados todos os seus bens e interesses em território norte-americano e também proibidas todas as suas transações económicas, incluindo as realizadas por cidadãos norte-americanos.
Esta nova ronda de sanções ao regime iraniano surge na véspera do aniversário da morte de Mahsa Amini, uma jovem curda de 21 anos detida e violentamente espancada pela polícia da moral por infração ao rígido código de vestuário feminino do país - envergava o 'hijab' (véu islâmico), mas não devidamente posto, deixando parte do cabelo à vista - e que viria a morrer num hospital de Teerão três dias após a detenção, desencadeando uma onda de protestos civis e repercussão à escala internacional.
Em simultâneo, o Departamento de Estado norte-americano anunciou que vai impor proibições de visto a 13 responsáveis iranianos e a outros indivíduos pelo seu envolvimento na detenção ou morte de manifestantes pacíficos ou na inibição dos seus direitos à liberdade de expressão ou de reunião, incluindo através da censura fechando a Internet em todo o Irão.
"Estamos a adotar estas medidas em coordenação com o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e outros aliados que vão também impor sanções esta semana", sublinhou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em comunicado.
Desde a morte de Mahsa Amini e os protestos que se lhe seguiram, o Departamento de Estado já impôs restrições de visto a 40 responsáveis iranianos e outras pessoas pelo seu envolvimento em atos contra manifestantes pacíficos.
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