"Precisamos de uma coesão social efetiva para que os nossos jovens e membros das comunidades não sejam engajados na causa terrorista", disse Joaquim Chissano, durante a conferência nacional sobre "Paz, Segurança, Reconciliação e Desenvolvimento", que decorre em Maputo.
O ex-estadista moçambicano considerou a coesão social um elemento relevante no contexto de conflitos e insegurança que se vive no país, referindo que o conceito contribui para a "edificação de mecanismos de resiliência" das comunidades face à violência.
Para Joaquim Chissano, Moçambique enfrenta um inimigo ainda oculto, que não apresenta as suas reivindicações, lideranças ou objetivos.
"Isso é um modelo do chamado terrorismo oculto, onde não se apresenta uma agenda, mas há atos terroristas contínuos contra as populações e instituições", referiu o antigo Presidente de Moçambique.
A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo -- em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região - as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu "mais de 2.000" vítimas mortais.
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