ONU. Clima, reforma e Ucrânia em destaque no arranque da Assembleia Geral

A Assembleia Geral da ONU arrancou hoje com apelos ao combate às alterações climáticas, incluindo do secretário-geral António Guterres, e à reforma das Nações Unidas, e críticas à Rússia pela invasão da Ucrânia.

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© Spencer Platt/Getty Images

Lusa
19/09/2023 21:04 ‧ 19/09/2023 por Lusa

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No primeiro dia do debate anual na Assembleia Geral da ONU, Guterres colocou o Ambiente como um dos temas para os quais é preciso "determinação", procurando travar as mudanças climáticas que aceleram o ritmo e a dimensão dos desastres naturais.

"Acabamos de sobreviver aos dias mais quentes, aos meses mais quentes e ao verão mais quente de que há registo. Por trás de cada recorde quebrado estão economias quebradas, vidas quebradas e nações inteiras à beira do colapso. Todos os continentes, todas as regiões e todos os países estão a sentir o calor. Mas não tenho a certeza se todos os líderes estão a sentir esse calor", disse o secretário-geral da ONU.

Minutos depois, seria a vez de o Presidente brasileiro, Lula da Silva, lembrar que, depois de "muito se falar sobre a Amazónia", agora é a vez de a "Amazónia falar por si mesma", lembrando os esforços do seu Governo para travar os crimes ambientais que se cometem naquele que é um dos principais pulmões do planeta.

Ecoando um alerta antes feito pelo secretário-geral da ONU, Lula da Silva denunciou o que considerou ser a perda progressiva de credibilidade do Conselho de Segurança, pedindo para que este organismo tenha "maior representatividade e eficácia", sabendo-se da ambição do Brasil para ter assento permanente.

Também o Presidente norte-americano, Joe Biden, se referiu à necessidade de "profundas reformas" em alguns dos principais fóruns mundiais, incluindo a ONU, apelando à presença de "mais vozes e mais perspetivas" nos locais onde se procuram soluções para os muitos conflitos que assolam o planeta.

Biden acusou a Rússia de ser a "única responsável" pela guerra na Ucrânia e apelou à comunidade internacional para apoiar os esforços de Kiev na resistência à invasão comandada por Moscovo.

"A Rússia acredita que o mundo ficará cansado e permitirá que a Ucrânia seja brutalizada sem consequências. Mas pergunto-vos o seguinte: se abandonarmos os princípios fundamentais da Carta da ONU para apaziguar um agressor, algum estado-membro pode sentir-se confiante de que está protegido? Se permitirmos que a Ucrânia seja divida, alguma nação estará segura?", perguntou Biden no seu discurso perante a Assembleia Geral.

Também o Presidente polaco acusou Moscovo de falhar na Ucrânia uma tentativa de restaurar o imperialismo russo, afirmando que a paz nunca esteve tão ameaçada e "o mal deve ser chamado mal e um crime deve ser chamado crime".

Numa promessa para procurar solução para este problema, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, comprometeu-se a intensificar os "esforços diplomáticos" para "acabar com a guerra" na Ucrânia, defendendo uma "nova agenda para a paz", lembrando o papel do seu país para assegurar que Moscovo e Kiev se entendessem sobre a exportação de cereais, para garantir a segurança alimentar.

Num dos discursos mais aguardados do dia, e na sua primeira intervenção presencial na Assembleia Geral da ONU, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu que a Rússia "não tem qualquer direito a ter armas nucleares", acusando Moscovo de promover o terrorismo global.

O líder ucraniano lembrou que a Rússia é um agressor frequente, assinalando as intervenções militares na Moldova e na Geórgia e pediu à comunidade internacional para se unir e contrariar esta ambição expansionista.

Aliado de Moscovo, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, subiu ao púlpito para apontar o dedo ao "imperialismo americano", denunciando os danos de um embargo dos EUA que dura há mais de 60 anos, o que classificou de "conduta absolutamente unilateral e injustificada".

Recordando que "Cuba não é o primeiro Estado soberano contra o qual tais medidas foram adotadas", Díaz-Canel reconheceu que "é aquele que há mais tempo as suporta, apesar da condenação mundial que todos os anos é expressa quase unanimemente nesta Assembleia, desrespeitada e desconsiderada na sua vontade expressa pelo Governo da maior potência económica, financeira e militar do mundo", os Estados Unidos.

As sessões da Assembleia Geral continuam na quarta-feira, com discursos de mais 40 altos responsáveis de outros tantos países-membros da ONU.

Leia Também: ONU. Zelensky defende que Rússia "não tem direito a ter armas nucleares"

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