"As decisões serão tomadas em função da situação e do resultado das discussões", indicou o gabinete do primeiro-ministro Nikol Pachinian segundo a agência noticiosa oficial Armenpress, acrescentando que "não foi colocada a questão da retirada" dos arménios do Nagorno-Karabakh que "têm o direito de viver nas suas casas".
Em paralelo, e em comunicado, a presidência azeri definiu de "construtivas" as primeiras reuniões que hoje decorreram entre o Azerbaijão e a Arménia sobre a reintegração deste território secessionista.
Baku, que na quarta-feira impôs a capitulação aos separatistas após uma ofensiva militar "relâmpago" de 24 horas, acrescentou estar prevista uma nova reunião "o mais rapidamente possível".
A presidência azeri também indicou prever o envio de ajuda humanitária, alimentos e combustíveis para a disputada região.
Os separatistas arménios de Nagorno-Karabakh anunciaram na quarta-feira que aceitavam depor as armas e negociar a reintegração no Azerbaijão da parte do território do sul do Cáucaso que controlavam.
A decisão ocorreu um dia depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no território azeri de população maioritariamente arménia, que os separatistas disserem ter causado duas centenas de mortos e mais de quatro centenas de feridos.
O Ministério da Defesa russo anunciou que dois soldados russos foram mortos na quarta-feira em Nagorno-Karabakh, quando a viatura em que seguiam foi atingida por disparos.
O cessar-fogo foi mediado pela força de manutenção da paz que a Rússia enviou para o Nagorno-Karabakh desde a guerra de 2020, quando o Azerbaijão recuperou parte do território que tinha perdido anteriormente para os separatistas arménios.
O enclave do Nagorno-Karabakh, com maioria de população arménia cristã ortodoxa, declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990 que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência deste conflito, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram graves confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do enclave durante uma nova guerra e com pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.
Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.
Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países, culminando nos graves incidentes fronteiriços de setembro.
Em 10 de janeiro passado, e numa atitude inédita, a Arménia anunciou que iria recusar receber este ano as manobras militares conjuntas no quadro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC, uma aliança militar liderada pela Rússia e que junta seis repúblicas ex-soviéticas), devido à insatisfação pelo bloqueio do corredor de Lachin.
Num aparente afastamento face ao seu poderoso aliado russo, o Governo de Erevan também admitiu o envolvimento ocidental (EUA e União Europeia) no processo negocial e promoveu recentemente manobras militares conjuntas com uma pequena força norte-americana.
Leia Também: Putin pede a presidente azeri respeito por direitos dos arménios