"Cabe ao Azerbaijão a responsabilidade de garantir os direitos e a segurança dos arménios de Karabakh, incluindo o direito de viverem nas suas casas sem intimidação nem discriminação. A deslocação forçada da população civil através de meios militares ou outros será objeto de uma resposta firme por parte da UE", avisa Josep Borrell.
Numa posição hoje divulgada, o responsável salienta que "a UE está pronta a tomar as medidas adequadas em caso de agravamento da situação", numa alusão a possíveis sanções europeias.
"A União Europeia condena a operação militar do Azerbaijão contra a população arménia do Nagorno-Karabakh e deplora as baixas e a perda de vidas causadas por esta escalada", assinala o chefe da diplomacia comunitária.
Ainda assim, Josep Borrell reconhece "os respetivos anúncios de que foi alcançado um acordo de cessar-fogo", afirmando esperar "uma cessação imediata e total das hostilidades e que o cessar-fogo seja respeitado".
"A UE reitera o seu apoio à soberania e à integridade territorial tanto do Azerbaijão como da Arménia. Apelamos ao Azerbaijão para que reafirme o seu compromisso inequívoco para com a integridade territorial da Arménia", adianta.
O acordo de cessar-fogo, confirmado pelo Azerbaijão, entrou em vigor na quarta-feira e foi proposto pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém em Nagorno-Karabakh desde 2020.
O mais recente sucesso militar de Baku, obtido em apenas 24 horas, está a suscitar receios de uma partida em massa dos 120.000 habitantes do Nagorno-Karabakh, mas até ao momento a Arménia indicou não estar em curso qualquer plano para a retirada das populações.
Mais de 10.000 pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, já foram retirados do enclave, segundo um responsável separatista. Cerca de metade foram acolhidos por soldados da força de paz russos, enviados para a região no final da última guerra, no outono de 2020.
O último balanço dos separatistas arménios indica que a ofensiva azeri iniciada na terça-feira e concluída cerca de 24 horas depois provocou pelo menos 200 mortos e 400 feridos.
O enclave do Nagorno-Karabakh, com maioria de população arménia cristã ortodoxa, declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990 que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência deste conflito, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram graves confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas, enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do enclave durante uma nova guerra e com pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.
Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países, culminando em graves incidentes fronteiriços neste mês.
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