De regresso a Itália, este sábado, o Papa Francisco voltou a abordar o conflito no leste da Europa e sugeriu que alguns países estão a "fazer jogos" com a Ucrânia, primeiramente com o envio de armas e, posteriormente, ao ponderarem desistir dos seus compromissos, noticia a Reuters.
Interrogado por um jornalista sobre se se sentia frustrado face ao fracasso dos seus esforços de paz, Francisco admitiu que sentia "alguma frustração" e continuou: "Parece-me que os interesses nesta guerra não são apenas aqueles relacionados com o problema russo-ucraniano, mas com a venda de armas, o comércio de armas", disse Francisco, numa conferência de imprensa a bordo de um avião, após a sua visita a Marselha, França.
"Não deveríamos brincar com o martírio deste povo. Temos que ajudá-los a resolver as coisas... Vejo agora que alguns países estão a retroceder, não querendo dar armas (à Ucrânia). Está a começar um processo no qual o mártir certamente será o povo ucraniano e isso é uma coisa feia", acrescentou o Sumo Pontífice.
À Reuters, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, recusou que o Papa tenha tomado qualquer posição sobre o envio de armamento a Kyiv e esclareceu: "Foi uma reflexão sobre as consequências da indústria armamentista: o Papa, com um paradoxo, dizia que aqueles que traficam armas nunca pagam as consequências das suas escolhas, mas deixam-nas ser pagas por pessoas, como os ucranianos, que têm sido martirizados".
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou em fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com sanções contra Moscovo e o envio de armamento à Ucrânia.
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