O "governo de transição" decidiu "suspender todos os meios de difusão da Jeune Afrique no Burkina Faso até nova ordem, com efeitos a partir de segunda-feira, 25 de setembro", escreveu, na segunda-feira, o porta-voz do governo e ministro da Comunicação, Rimtalba Jean Emmanuel Ouédraogo.
O governo justificou a decisão com a divulgação de "um novo artigo falso no sítio Web da Jeune Afrique", intitulado: 'Au Burkina Faso, toujours des tensions au sein de l'armée' [Tensões continuam no exército do Burkina Faso, numa tradução livre]" e publicado na segunda-feira.
"Esta publicação segue-se a um artigo anterior da mesma publicação no mesmo sítio Web", divulgado na quinta-feira, sobre o alegado descontentamento crescente nas casernas burquinesas, acrescentou o ministro.
Para o governo, "estas afirmações deliberadas, feitas sem o mínimo indício de prova, não têm outro objetivo senão o de desacreditar inaceitavelmente as forças armadas do país e, por extensão, todas as forças combatentes".
No último ano, o regime burquinense, dirigido por militares depois de dois golpes de Estado em 2022, suspendeu temporariamente ou por tempo indeterminado as emissões de vários canais de televisão e de rádio e expulsou correspondentes estrangeiros, nomeadamente de meios de comunicação social franceses.
A decisão das autoridades do Burkina Faso surgiu quase um ano depois de o capitão Ibrahim Traoré ter chegado ao poder através de um golpe de Estado, o segundo em oito meses.
O Burkina Faso partilha várias fronteiras com dois países igualmente governados por militares que chegaram ao poder através de golpes de Estado: o Mali, desde 2020, e o Níger, desde o final de julho.
Em junho, as autoridades do Burkina Faso anunciaram a suspensão do canal de televisão francês LCI durante três meses, depois de terem expulsado os correspondentes dos diários franceses Libération e Le Monde, em abril.
No final de março, ordenaram a suspensão por tempo indeterminado do canal de televisão France 24, depois de terem suspendido a Radio France Internationale (RFI), em dezembro de 2022. Os dois meios de comunicação social públicos franceses foram acusados de transmitir mensagens de dirigentes extremistas islâmicos.
Desde 2015, o país enfrenta uma onda de violência extremista islâmica, que fez mais de 17 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados internos.
O Burkina Faso também suspendeu a estação de rádio mais popular do país, a Rádio Omega, entre agosto e setembro, acusada de entrevistar um opositor ao regime militar do Níger.
Fundado em 1960, Jeune Afrique é um órgão de comunicação social pan-africano de língua francesa com sede em França, com vários correspondentes e colaboradores em África e noutros locais. Tem um sítio Web de notícias e uma edição impressa mensal.
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