Governo do Canadá pede demissão de político que convidou veterano nazi

O Governo do Canadá pediu hoje ao presidente da Câmara dos Comuns para se demitir, por ter convidado um antigo soldado de uma unidade nazi da Segunda Guerra Mundial para assistir a um discurso do Presidente ucraniano.

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© REUTERS/Blair Gable

Lusa
26/09/2023 19:19 ‧ 26/09/2023 por Lusa

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Logo depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter feito um discurso na Câmara dos Comuns na sexta-feira, os deputados canadianos aplaudiram de pé Yaroslav Hunka, de 98 anos, quando o Presidente da Câmara, Anthony Rota, o apresentou como um herói de guerra que lutou pela Primeira Divisão Ucraniana, durante a Segunda Guerra Mundial -- uma divisão que lutou ao lado da máquina de guerra do regime nazi de Adolf Hitler.

Rota já pediu desculpa pelo incidente e vai ainda hoje reunir com os líderes partidários da Câmara dos Comuns, após dois partidos da oposição terem pedido a sua demissão, na segunda-feira, alegando falta de confiança política.

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Melanie Joly, também pediu a demissão de Rota.

"É completamente inaceitável. Foi uma vergonha para a Câmara e para os canadianos, e acho que Rota deve ouvir os membros da Câmara e afastar-se do cargo", explicou Joly, que já terá conversado sobre este episódio com o Governo ucraniano.

Contudo, Rota disse hoje que ainda está a ponderar a sua decisão, depois de ter ouvido sucessivos apelos para a sua demissão, prometendo uma decisão para as próximas horas.

A Primeira Divisão Ucraniana também era conhecida como Divisão Waffen-SS Galicia, ou 14ª Divisão Waffen SS, uma unidade voluntária que estava sob o comando dos nazis.

O Centro Amigos de Simon Wiesenthal para os Estudos do Holocausto também pediu a demissão de Rota, alegando que o convite a um antigo membro das Waffen-SS "deixa uma mancha na venerável Assembleia do Canadá".

No pedido de desculpas, no domingo, Rota disse que era o único responsável por convidar Hunka.

"É bom que o presidente Rota tenha apresentado desculpas pessoalmente e tenho certeza de que ele está neste momento a refletir sobre a dignidade da Câmara", disse o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

O gabinete do primeiro-ministro disse que não sabia que Hunka tinha sido convidado para a Câmara dos Comuns.

Em Moscovo, um porta-voz do Kremlin disse que era "ultrajante" que Hunka tivesse sido aplaudido de pé durante uma visita a Otava.

O Presidente russo, Vladimir Putin, acusa o regime ucraniano de ser neonazi, apesar de Zelensky ser judeu e ter perdido familiares no Holocausto.

Leia Também: Líder da Câmara dos Comuns do Canadá desculpa-se. Elogiou militar nazi

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