Bastaram quatro dias para que o líder da Câmara dos Comuns do Canadá apresentasse finalmente a demissão esta terça-feira, depois de ter protagonizado uma polémica saudação a um militar nazi durante a visita de Volodymyr Zelensky ao país.
Anthony Rota apresentou a sua demissão no final da reunião com os líderes dos diferentes partidos do parlamento canadiano, lamentando o incidente na sexta-feira. "Reitero o meu profundo arrependimento", afirmou, citado pela BBC.
O caso espoletou na sexta-feira quando, durante a visita do presidente ucraniano ao Canadá, Rota apontou para a galeria e fez um elogio a um "herói ucraniano e canadiano", o que valeu uma ovação em pé por todos os presentes (que incluíram Zelensky e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau).
Não foi preciso muito até associações judaicas descobriram que o homem exaltado no parlamento era Yaroslav Hunka, de 98 anos, que tem ligações aos nazis e que, afinal, tinha lutado do lado dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial.
MASSIVE OUTRAGE after Canada’s parliament gave a standing ovation during Zelensky joint address Friday to Yaroslav Hunka, a 98-year-old Ukrainian Nazi collaborator who served in a Nazi military unit during the Second World War implicated in the mass murder of Jews and others.… pic.twitter.com/PFWQNEoM76
— Simon Ateba (@simonateba) September 24, 2023
Segundo a BBC, Hunka fez parte da 14.ª divisão de granadeiros das SS, as forças especiais da Alemanha Nazi, num grupo de voluntários de etnia ucraniana (de recordar que, na altura, a Ucrânia era uma república soviética) sob o comando dos alemães. Estudos demonstraram que membros da divisão terão sido responsáveis pela morte de judeus e de civis polacos.
Rota pediu desculpas pelo erro, mas já não havia volta a dar. Tanto dos partidos da oposição, como até pelo governo e por deputados leais ao partido de Trudeau, não faltaram pedidos de demissão e o afastamento do 'speaker' do parlamento.
"Eu acho que o 'speaker' devia ouvir os membros da câmara e afastar-se. Não vejo uma alternativa", rematou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Melanie Joly, que considerou o lapso como "completamente inaceitável". O que acabou mesmo por acontecer.
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