"Fazemos todo o possível, passo a passo, para repelir o inimigo"

A contraofensiva ucraniana cumpre hoje quatro meses com avanços no bastião russo de Bakhmut (Donetsk), e na região e Zaporijia (sudeste) para além de tentativas de desembarque na Crimeia, com a Rússia a insistir em ações condenadas ao fracasso.

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© Yan Dobronosov/Global Images Ukraine via Getty Images

Lusa
04/10/2023 18:37 ‧ 04/10/2023 por Lusa

Mundo

Volodymyr Zelensky

"A contraofensiva prossegue, fazemos todo o possível, passo a passo, para repelir o inimigo", declarou hoje o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em entrevista à cadeia televisiva italiana Sky TG24.

O chefe de Estado ucraniano reconheceu os principais desafios da contraofensiva: os campos de minas colocados pelos russos e a escassez de sistemas e de projéteis de defesa antiaérea.

Com a aproximação do inverno, Zelensky emitiu um apelo para que não esmoreça o impulso no campo de batalha quando se agravarem as condições atmosféricas, o que representará "um desafio para os militares e população" da Ucrânia.

O estado-maior do Exército ucraniano também assegurou hoje em comunicado que as suas forças "prosseguem as suas operações ofensivas em direção a Melitopol, com êxitos parciais a oeste de Robotine, na região de Zaporijia".

Segundo Oleksandr Shtupun, porta-voz do grupo Tavria do Exército ucraniano, os militares avançaram nesta zona "entre 100 e 600 metros".

Kyiv também reivindicou "êxitos parciais" nas imediações de Klishchivka e Andrivka, localidades situadas a sul de Bakhmut.

"Infligimos aos ocupantes perdas em pessoal e equipamento, prosseguimos a consolidação das nossas posições e o esgotamento do inimigo", segundo o estado-maior.

Em contraste, o Ministério da Defesa russo minimizou a importância dos avanços ucranianos e afirmou que as suas tropas repeliram ataques em vários setores da frente, em particular nas zonas de Bakhmut, Andrivka e Liman (região de Donetsk) e Priyutne, em Zaporijia, provocando pesadas baixas em homens e material militar.

Denis Pushilin, o líder russófono de Donetsk, declarou hoje à televisão russa que o Exército da Rússia "ampliou a zona cinzenta na frente de Andrivka".

"As nossas unidades conseguiram melhorar as suas posições" neste setor da frente, garantiu.

Por sua vez, os serviços secretos ucranianos (GUR) divulgaram um vídeo sobre um alegado desembarque de forças especiais nesta península, anexada pela Rússia, e onde teriam disparado contra as forças russas.

A Rússia assinalou por seu turno ter impedido esta noite o desembarque de um grupo de sabotagem ucraniano que se dirigia para o cabo de Tarjankut, extremo ocidental da península.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo publicou o vídeo de um soldado ucraniano supostamente detido durante a operação, e segundo o qual a missão do grupo, integrado por 16 pessoas a bordo de uma lancha rápida e três motos de água, consistia em pisar solo na Crimeia e gravar um vídeo com a bandeira ucraniana.

Em paralelo, Natalia Gumeniuk, chefe do centro de imprensa do comando operativo sul ucraniano, afirmou hoje que a Ucrânia conseguiu fazer retroceder as forças navais russas da parte ocidental do mar Negro.

"Atualmente, os barcos e lanchas da frota do mar Negro da Federação russa não navegam em direção às águas territoriais ucranianas", disse, ao asseverar que os navios russos "não ousam aproximar-se do cabo de Tarjankut", devido ao receio de ataques de 'drones' e mísseis ucranianos.

A inteligência milita britânica afirmou na terça-feira que a Armada russa está a transferir "as suas atividades" para o porto de Novorossiysk devido ao risco de ataques contra os seus efetivos em Sebastopol, a base da frota do mar Negro.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Leia Também: Zelensky diz que Kyiv fará tudo para vencer, mas... "existe fadiga"

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