A força regional "deve deixar a República Democrática do Congo antes de 08 de dezembro, data antes acordada, porque não foi capaz de resolver os problemas de segurança, em particular o do grupo rebelde M23 (Movimento 23 de março)", afirmou hoje o porta-voz do Governo congolês, Patrick Muyaya, numa conferência de imprensa em Kinshasa, a capital.
O porta-voz anunciou ainda a probabilidade de haver uma reunião, posteriormente, com os chefes de Estado, para que se discuta a incapacidade desta força regional de resolver as questões de insegurança e que deverão ser tomadas medidas.
Muyaya fez o anúncio no meio de uma nova e intensa escalada dos combates do M23 no leste da RDCongo, que faz fronteira com Angola, após meses de relativa calma, que obrigou mais de 84.700 pessoas a abandonar as suas casas desde 01 de janeiro e matou pelo menos 20 civis no mesmo período, segundo as Nações Unidas (ONU).
O contingente militar composto por tropas do Quénia, Burundi, Uganda e Sudão do Sul começou a ser destacado no final do ano passado, na sequência da reativação do M23 em março de 2022, que passou a ocupar áreas e locais estratégicos no leste da RDCongo.
Os combates entre os insurgentes deixaram 2,4 milhões de pessoas deslocadas na província oriental de Kivu do Norte, segundo a ONU, e agravaram as tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à alegada colaboração de Kigali com o M23.
As autoridades ruandesas sempre negaram este facto, apesar de vários relatórios da ONU o confirmarem.
Simultaneamente, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000, por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDCongo, para recuperar o poder político no seu país de origem.
Esta colaboração foi igualmente confirmada pela ONU.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU no país (Monusco).
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