Logo nos primeiros momentos da ofensiva, muitos cidadãos de Beirute saíram para as ruas para distribuir bolos e dançarem, sobretudo no sul da capital do Líbano, reduto do Hezbollah, organização política e paramilitar fundamentalista islâmica que também esteve em guerra com Israel em 2006.
Na cidade de Saida, adjacente ao maior campo de refugiados palestinianos do Líbano, as mesquitas têm transmitido orações e palavras de apoio à "resistência palestiniana", enquanto em Beirute, os estudantes da Universidade Americana juntaram-se num comício de apoio ao Hamas que, segundo defendem, luta por "uma causa justa".
Em Damasco, a ópera nacional síria está, desde sábado, iluminada com as cores palestinianas e várias filas de carros cruzam a cidade, agitando bandeiras palestinianas e sírias e fazendo ouvir em altifalantes canções de louvor à "resistência".
Também na Síria as redes sociais estão cheias de mensagens que usam a 'hashtag' "Dilúvio de al-Aqsa", mas também outras expressões como "Palestina" ou "Gaza sob bombardeamento" têm ocupado os primeiros lugares da lista de mensagens mais publicadas no X (antigo Twitter).
Mesmo no Egito, vários apresentadores de 'talk shows' pró-regime, geralmente muito hostis ao Hamas, elogiaram "a resistência de um povo oprimido" e saudaram o "golpe dado à teoria da invencibilidade israelita", referindo-se ao massacre e rapto de centenas de civis israelitas pelo grupo islâmico considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos.
Neste país, onde as manifestações são proibidas, apenas um pequeno desfile foi registado, nos terrenos da Universidade Americana do Cairo, mas, como acontece frequentemente nos países árabes, a solidariedade com os palestinianos ergueu-se nas bancadas dos estádios.
Durante um jogo da equipa de futebol al-Ahly, no Cairo, os adeptos gritaram "com a nossa alma, com o nosso sangue, sacrificamo-nos por ti, Palestina".
Na Tunísia, está prevista para quinta-feira uma grande manifestação "de apoio à resistência palestiniana" e, na segunda-feira, os estudantes saudaram a bandeira palestiniana nas escolas por iniciativa do Ministério da Educação.
Também em Bagdade, vários grupos pró-iranianos organizaram manifestações de apoio, agitando bandeiras palestinianas.
Com vários governos árabes a proclamar a sua solidariedade para com os palestinianos, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, dois países do Golfo que normalizaram as suas relações com Israel, distinguiram-se ao condenar a tomada de civis israelitas como reféns.
Apesar disso, dezenas de habitantes do Bahrein manifestam-se quase diariamente em apoio à ofensiva do Hamas, com os rostos escondidos por um 'keffiya' (um lenço tradicional da região dobrado e usado em volta da cabeça) palestiniano, no caso dos homens, ou por um 'niqab' (véu que só mostra os olhos), no caso das mulheres.
O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação denominada "Espadas de Ferro".
Israel declarou guerra total e prometeu castigar o Hamas como nunca antes, declarando estar "em guerra" contra aquele grupo palestiniano.
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