China dará ajuda humanitária a Gaza e defende solução de "dois Estados"
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou hoje que Pequim vai dar ajuda humanitária à Faixa de Gaza através da ONU e defendeu que a solução de "dois Estados" é a única viável para o Médio Oriente.
© Ashraf Amra/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Israel/Palestina
A Palestina está "numa situação crítica" e a prioridade é "parar esta luta o mais rapidamente possível para evitar que se espalhe", afirmou Wang Yi à imprensa em Pequim, depois de copresidir o Diálogo Estratégico UE-China em conjunto com o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
"Vamos fornecer ajuda humanitária de emergência à Faixa de Gaza através dos canais da ONU", anunciou, indicando que a China está a falar com as partes envolvidas e que participará nas reuniões do Conselho de Segurança da ONU para "proteger os civis".
E prosseguiu: "Devemos fazer todos os esforços para proteger os civis e abrir uma passagem humanitária. Os países envolvidos devem permanecer calmos e contidos, ser objetivos e trabalhar para a diminuição das tensões".
O ministro chinês defendeu ainda o direito de cada uma das partes em conflito, israelitas e palestinianos, a ter um Estado.
"Israel obteve uma garantia para a sua sobrevivência, mas quem se importa com os palestinianos? É uma nação sem casa. A solução é ter dois Estados, é construir um Estado para a Palestina. Esse é o caminho para ter paz e segurança", disse.
Wang Yi acrescentou que a China condena "qualquer ato que cause danos aos civis" e lembrou que o conflito é "uma ferida antiga que ainda não foi curada".
"Há muitas injustiças no mundo, mas a injustiça contra a Palestina já dura há meio século e não pode continuar", considerou, afirmando que a China "ficará do lado da paz e da justiça internacionais".
"O caminho certo é retomar as conversações de paz para este efeito o mais rapidamente possível. O nosso enviado especial para o Médio Oriente visitará os países relevantes da região para fazer esforços para acabar com a violência", adiantou.
As declarações de Wang Yi foram feitas depois de o Governo israelita ter transmitido a Pequim a sua "profunda desilusão" com declarações oficiais do país asiático relativas à escalada de violência entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
O vice-diretor para a Ásia-Pacífico do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Rafi Harpaz, comunicou o descontentamento das autoridades daquele país ao enviado especial da China para o Médio Oriente, Zhai Jun, durante uma conversa telefónica realizada na quinta-feira, como noticiou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel.
Nas mensagens da China "não há uma condenação clara e inequívoca do terrível ataque e massacre atroz cometido pela organização terrorista Hamas contra civis inocentes e do rapto de dezenas de pessoas para Gaza", disse Harpaz a Zhai.
A declaração oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês sobre a conversa telefónica salientou, por sua vez, que a China "espera sinceramente que Israel e a Palestina possam coexistir em paz e está pronta para trabalhar com a comunidade internacional para promover conversações de paz".
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pela incursão do grupo islamita Hamas em Israel, no sábado passado, que matou civis e militares e fez mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Israel concentrou forças junto à Faixa de Gaza numa indicação de uma possível ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo Hamas nos últimos dias.
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