Israel tem "direito de defender-se". Cosgrave pede perdão após polémica

Depois de Telavive considerar "ultrajantes" as declarações de Cosgrave sobre o conflito no Médio Oriente, o fundador da Web Summit veio retratar-se.

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Carmen Guilherme
17/10/2023 15:48 ‧ 17/10/2023 por Carmen Guilherme

Mundo

Paddy Cosgrave

Depois de se pronunciar sobre o conflito no Médio Oriente, levando a um boicote de Israel à Web Summit, Paddy Cosgrave, fundador do evento tecnológico, veio agora pedir "desculpas" pelas suas palavras, deixando claro que apoia "inequivocamente o direito de Israel existir e de defender-se", mas sem violar o direito internacional.

Recorde-se que, ontem, o embaixador israelita em Portugal, Dor Shapira, anunciou que Israel não irá participar na Web Summit de 2023 devido a declarações que o país considerou "ultrajantes" por parte de Cosgrave, que afirmou, numa publicação divulgada nas redes sociais no dia 13 de outubro, que "crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados".

"Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mal, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 7 de outubro. Apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras", começou por dizer Cosgrave, num comunicado divulgado no site oficial da Web Summit.

"Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de defender-se. Apoio inequivocamente uma solução de dois Estados. Tal como tantas figuras a nível mundial, também acredito que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às Convenções de Genebra – ou seja, não cometer crimes de guerra. Esta crença aplica-se igualmente a qualquer estado em qualquer conflito. Nenhum país deve violar estas leis, mesmo que tenham sido cometidas atrocidades contra ele", acrescentou.

Na mesma nota, o fundador da Web Summit diz que sempre foi "antiguerra e pró-lei internacional" e defende que é nos "momentos mais sombrios que devemos tentar defender os princípios que nos tornam civilizados".

Citando o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, que na semana passada afirmou que "'Israel tem o direito e até a obrigação de defender o seu povo e de fazer tudo o que puder para garantir que o que aconteceu'" nunca mais aconteça, mas usando "'todas as precauções possíveis para evitar danos aos civis'", Cosgrave defendeu que, nos seus comentários, tentou "fazer exatamente o mesmo" que o diplomata e "tantos outros a nível mundial": "Exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional".

Especificamente sobre a Web Summirt, Cosgrave afirma compreender "que o que disse, o momento em que disse e a forma" como apresentou as suas palavras acabou por causar "profunda dor a muitos".

"Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço desculpas profundamente. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas, e lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que disse. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz. Em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado", completou.

Note-se que, antes de divulgar este comunicado, Cosgrave já tinha recorrido às redes sociais no dia de hoje para revelar que, após o boicote de Israel, foram vendidos "mais bilhetes" para a Web Summit "do que em qualquer outra segunda-feira de 2023".

"Nas últimas 24 horas, enquanto nove investidores cancelaram, 35 novos investidores inscreveram-se. Dois meios de comunicação foram cancelados, mas mais de 50 meios de comunicação solicitaram passes de 'media'. Ah, e de alguma forma vendemos mais ingressos do que em qualquer outra segunda-feira de 2023", escreveu na rede social X (antigo Twitter).

De realçar que a declaração de Cosgrave que levou ao boicote de Israel foi feita no dia 13 de outubro, também nas redes sociais. "Estou chocado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com exceção em particular do governo da Irlanda, que pela primeira vez está a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são", declarou.

Por sua vez, também nas redes sociais, Dor Shapira revelou que dirigiu uma mensagem ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, na qual informava que Israel "não participará na conferência Web Summit".

"Mesmo nestes tempos difíceis, ele [Cosgrave] é incapaz de pôr de lado as suas opiniões políticas extremistas e de denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes", disse o embaixador, acrescentando que "dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência" e encorajando "outras a fazê-lo".

Recorde-se que Israel bombardeia a Faixa de Gaza há 11 dias, na sequência do ataque surpresa do Hamas contra alvos israelitas a 7 de outubro, que causou a morte de mais de 1.400 pessoas.

Num balanço anterior aos bombardeamentos mais recentes, as autoridades de Gaza disseram que os ataques israelitas mataram mais de 2.800 palestinianos.

Leia Também: Após boicote de Israel, Web Summit regista venda recorde de bilhetes

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